sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011: O Otimismo Está no Ar


2011 bate às portas e com ampla expectativa da população brasileira de que seja um ano bem melhor do que foi 2010, em todos os sentidos.

Ïnacreditáveis 82% dos brasileiros acreditam que o ano novo será frutífero no amor, nas finanças pessoais, no emprego e na vida em geral, segundo pesquisa recente.

A maioria do povo brasileiro crê num país mais vigoroso na economia e no cenário político internacional no ano que vem, que está logo ali.

É bom que pensemos assim mesmo. Afinal de contas, quem semeia e carrega consigo o pensamento positivo se eleva sobre os demais no que tange à conquista de objetivos. As pessoas se sentem mais fortes simplesmente por acreditarem que são ou estarão mais fortes e mais felizes.

Que bom seria se pensássemos assim o tempo todo. Que acreditássemos que o amanhã será bem melhor do que está sendo o hoje e do que foi o ontem.

Mas se a vida fosse feita apenas de pensamentos positivos, viveríamos então no paraíso. E por que não vivemos? Por que buscamos sempre uma melhora que tarda ou que, aparentemente, teima em não chegar jamais? Quantos já estão cansados de esperar e de acreditar que as coisas se transformem para um estado de prosperidade? Quantos já não aguentam mais esperar e acreditar? Quantos ainda têm força para sonhar?

O Ano Novo efetivamente é convidativo para que pensemos em bons fluidos, necessariamente se impõe como uma oportunidade a mais para que vivenciemos dias melhores pelo simples fato de ser um tempo a mais nessa nossa curta existência.

Contudo, somente nossos esforços pessoais, individuais, não serão suficientes para que se vença as forças teimosamente opostas aos nossos sonhos.

Contrariamente ao que estabelece a lógica capitalista da meritocracia, que ovaciona o individualismo, para que desfrutemos verdadeiramente de "UM FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO" é necessário que TODOS SONHEM O MESMO SONHO: o de ver o povo deste país e, em especial, o do Maranhão vivendo dias melhores em toda a sua plenitude. Não a melhora das compras a prazo e dos voluptuosos cartões de crédito (que escondem as dores de cabeça do endividamento), mas a de saneamento básico, saúde, educação e melhores ofertas de emprego.

2010 foi marcante para o "Blog Hugo Freitas" por ser o ano de seu nascimento, ainda que tardio. Porém, mesmo com esse retardo temporal em relação aos demais blogueiros que se aventuraram por estas paragens da comunicação virtual, alcançamos já um significativo reconhecimento, ao qual rendemos sinceros agradecimentos.

A todos os seguidores e leitores deste blog, bem como aos que contribuíram para que ele tivesse um bom embrenhamento na seara das mídias livres, e a todos os concidadãos maranhenses, de norte a sul do Estado, DESEJO UM MARAVILHOSO ANO NOVO, REPLETO DE SAÚDE E PAZ!!!

E QUE DEUS ABENÇOE O ANO DE 2011 PARA TODOS NÓS, EM TODOS OS SENTIDOS!!!

Abraços fraternos.

Hugo Freitas


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"Feliz" Natal? Para Quem?

O ano está acabando e o que temos a comemorar? O aumento salarial de toda a aristocracia que governa este país ou a aprovação de um "mínimo" de trinta reais de reajuste?

Devemos nos engrandecer pela descoberta de gás e pela futura instalação de uma refinaria de petróleo em território maranhense ou nos preocuparmos se esta riqueza irá chegar na mesa dos trabalhadores deste Estado ou se o povo efetivamente terá direito ao seu pedaço de bolo?

Ou devemos ficar contentes pela não aprovação do piso salarial dos professores da rede estadual de ensino estipulado pelo próprio Estatuto do Magistério, fato que exemplifica o interesse dos gestores públicos em cumprir as leis e a eficácia das instituições responsáveis pela fiscalização do cumprimento das mesmas?

Diante de todo esse lastimoso quadro, em que as forças políticas e econômicas se sobrepôem ao interesse público e à felicidade do povo, fica difícil acreditarmos que as coisas irão melhorar. Pelo menos, não para a grande parcela populacional do Maranhão que hiberna na fome, no analfabetismo, na mortalidade infantil e na pobreza extrema.

Por sua vez, a classe política do Estado comemora seus polpudos aumentos, o que faz com que ela tenha condições de promover banquetes para encher a pança e silenciar a voz da "mídia política", bancar orgias em caríssimos motéis da capital e destinar verbas públicas através de emendas parlamentares para cidades nas quais atuam seus correligionários, motivos de sobra para celebrar o Natal com mais alegria e festejar o Ano Novo com mais otimismo.

No geral, as perspectivas para 2011 não são nada animadoras para o Maranhão, à medida que observamos pachorramente os interesses privados secundarizarem o "bem-comum", e a força da grana e do materialismo suplantarem a formação educacional de um Estado cada vez mais miserável, desigual e injusto.

Pior é assistirmos a tudo isso calados, sentados de frente para a TV, inertes e exaltando o consumo natalino diante do arrocho salarial em todos os níveis, operado idiossincraticamente por todos os cantos deste gigante país.

Enquanto o aumento de deputados e senadores gira em torno da casa dos milhares, o descalabro reajuste do salário mínimo reduz-se à casa das dezenas. Como pode um deputado federal praticamente dobrar seu salário e receber quase trinta mil reais por mês (sem contar todos os demais benefícios e comodidades a que tem direito) enquanto a maioria dos trabalhadores tem de se contentar com um reajuste de "trinta reais"? E, ainda assim, continuarmos confiando que as coisas vão ficar melhores no ano que vem?

Neste momento, a única esperança que vagueia pelo espírito deste vosso interlocutor, estimado leitor, é a de que Deus tenha misericórdia de todos nós e nos ajude a trilharmos um caminho diametralmente oposto a este que presenciamos, vivenciamos e aceitamos como sendo o "possível", já que as alternativas de outras vias são escassas ou estão obstruídas pelo nosso "consentimento plateístico" e pela nossa "paralisia mórbida".

Hugo Freitas

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Educação no Maranhão: "A Megera Domada"



Todo mundo viu, ouviu ou leu em algum canto deste país: "Aprovado aumento salarial para Deputados, Senadores, Ministros e até para o Presidente da República, a partir de 2011".

No Maranhão, a notícia que correu a mídia foi: "Deputados maranhenses aproveitam o efeito cascata do aumento de salário federal e elevam seus vencimentos em 60%".

Navegando na mesma onda, a Câmara Municipal de São Luís deverá anunciar nos próximos dias o aumento dos proventos dos vereadores que compõem a Casa Legislativa da capital maranhense.

Em contrapartida, no que diz respeito à Educação em nosso Estado, a tônica das manchetes era a seguinte: "Maranhão tem a segunda pior educação do Brasil". E outra: "Assembleia Legislativa do Maranhão veta aumento salarial de 12% para professsores do Estado".

Façamos as contas. Enquanto os parlamentares federais irão receber salários que giram em torno de R$ 26.700,00, no Maranhão os deputados passarão a perceber cifras que giram em torno de 15 a 20 mil reais. Contudo, por sua vez, os profissionais da educação não tiveram garantido o direito regido pelo Estatuto do Magistério de um piso salarial mínimo, de aproximadamente R$ 1.040,00.

Pior, segundo o Plano Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2009, o estado ficou com a penúltima posição no ranking, ficando à frente apenas de Alagoas (Alguém ainda lembra quem dás as cartas por lá?).

O levantamento, que é realizado a cada três anos e possui abrangência internacional, avalia o conhecimento de leitura, matemática e ciências dos jovens matriculados a partir da 7ª série do ensino fundamental (Não se esqueçam que estes serão o "futuro" da nação e do Maranhão).

O que depreendemos dos dados acima expostos é a falta de percepção da gestão pública, nas esferas de sua competência, com a educação do povo, em particular com a do povo maranhense. O 2º lugar do Maranhão dos piores estados brasileiros em educação coaduna-se perfeitamente com o veto do aumento salarial dos professores da rede estadual de ensino, à medida que os gestores públicos percebem a necessidade de se frear a consciência da população.

Afinal de contas, a quem interessa um povo lúcido, crítico e consciente de seus direitos e deveres? Os manuais "esquerdistas" sempre afirmaram que um povo sem educação é um povo mais fácil de controlar. Isso se exemplifica através do "descontrole" da população de alguns países europeus. No velho continente, as atuais turbulências enfrentadas pelos governos é fruto direto do nível educacional de suas populações, que não satisfeitas com a política de seus dirigentes saem às ruas para reivindicar seus direitos, mesmo que se utilizando da força bruta de paus, pedras e coquetéis molotovs.

No Maranhão, o absurdo é ainda maior quando ao invés de bradar por melhorias públicas e qualidade de vida, observamos grande parcela da população aplaudir de pé seus algozes políticos, reelegendo para mais quatro anos de mandato figuras que se instalaram no poder como um vírus e fizeram da coisa pública um bem privado.

Figurando sempre entre os últimos em todos os indicadores sociais avaliados por instituições nacionais e internacionais, brigando feio com Alagoas para não ser efetivamente o último, o Maranhão é terra de graves contrastes e assimétricas paridades: rico em recursos naturais e miserável em distribuição de renda; alto potencial energético e elevados índices de analfabetismo; localização geográfica estratégica e periferia social e política do país; último estado a aderir à República e o único a manter no poder as velhas estruturas.

Atendo-nos exclusivamente à Educação, para não nos rendermos de uma vez nem cairmos em depressão às vésperas do Natal, o Maranhão entrará em 2011 sem ter muito a comemorar, pelo menos no que diz respeito aos indicadores sociais, em particular ao nível educacional dos jovens e adolescentes maranhenses, já que para parlamentares e gestores públicos o Papai Noel chegou mais cedo, com ótimas perspectivas de um "próspero Ano Novo".

A educação no Maranhão é tratada como último até na hora do pagamento. Quem puder observar a lista mensal da folha salarial dos servidores da Prefeitura de São Luís, por exemplo, verá que a Secretaria Municipal de Educação é a última a receber seus proventos, ficando atrás das secretarias executivas e administrativas e da secretaria da saúde.

O descalabro é ainda maior quando analisamos o quão difícil foi escolher alguém "competente" para assumir a pasta da educação no Estado, diante da vacância originada pela saída do ex-secretário Anselmo Raposo (Quem sabe o nome e as qualificações da pessoa que assumiu? Alguns dizem ser uma "fiel" secretária particular da atual ocupante do Executivo estadual).

Diante de tudo isso, convém frisarmos o quão importante é a educação de um povo para sua libertação política e independência intelectual. Se assim não fosse, qual seria o motivo de preocupação dos governantes em manterem a rédeas curtas esta "megera domada"?

Os desafios, entretanto, são enormes. Ainda mais quando percebemos a paulatina diminuição dos quadros de professores em todo o país. No Maranhão, o número de candidatos aos cursos de licenciatura sofreu significativa redução nos últimos anos. Sucateamento das instituições de ensino, qualidade duvidosa do material didático e, principalmente, os baixos salários são os outros "atrativos" que espantam os alunos da rede pública e enxotam os "potenciais professores" das salas de aula no ato da escolha do curso para o qual irão prestar vestibular.

Se, no passado, a profissão de professor era algo de orgulho e de reconhecimento pela sociedade, no presente a situação é de vergonha e de humilhação, legando para o futuro um cenário educacional nada animador.

Enquanto os milhões correm à solta nos ministérios do governo federal e nas secretarias estaduais, procurando se multiplicar a curto prazo para  um lucrativo aumento de receita visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016, a discussão que ganha patamar de novela nos noticiários é o valor do novo reajuste do mínimo, com cifras exorbitantes girando em torno de pomposos 30, 40 ou 50 reais a mais do que os atuais R$ 510,00. E, no mesmo barco de valoração do mínimo, a educação também vai sendo "mínima", vilipendiada e renegada, empurrada para debaixo do tapete, com cortes profundos no orçamento de 2011.

E os verdadeiros ministros, os do conhecimento e do aprendizado, vão sendo tolhidos, obnubilados e precariamente ressarcidos, num ponto de aquiescência que olha para a melhoria da qualidade de vida de um povo pura e simplesmente pelo viés material, secundarizando a sua formação educacional e esquecendo que sem professores não há médicos, nem engenheiros nem "doutores".

Hugo Freitas

sábado, 18 de dezembro de 2010

Nota de Agradecimento do "Blog Hugo Freitas"





Caríssimos leitores do "Blog Hugo Freitas". Peço, por gentileza, a atenção de todos para esta nota.

É com enorme satisfação que constato o sucesso deste humilde blog. Em apenas um mês e meio de existência, alcançamos na tarde de hoje o patamar de 1000 (mil) visitantes.

Nesta curta trajetória, que apenas se principia por estas veredas comunicacionais, rendo meus sinceros agradecimentos a todos os que me lêem, os que me seguem e, principalmente, os que me divulgam em seus preciosos espaços. Muito obrigado a todos vocês. O sucesso neste momento alcançado não seria possível se não fosse a generosidade e o carinho com que me acolheram e me retransmitiram adiante.

Demorei para me iniciar nesta seara virtual, mas saibam que entrei para valer e pretendo continuar até quando restar o último sopro em minhas narinas.

Acredito sinceramente que o blog é uma das melhores ferramentas que a internet nos trouxe nos últimos tempos, pois nos possibilita oferecermos uma alternativa noticiosa, informativa e analítica sobre tudo o que acontece ao nosso redor, em detrimento dos veículos comunicacionais oficiais e institucionalizados, apesar de saber também que nem todo blogueiro é jornalista ou, pelo menos, não utiliza o blog com tal propósito.

Ao longo deste ano, muito amigos me impulsionaram para publicar os textos que eu produzia, quer frutos de atividades acadêmicas, quer corolários simples da vontade e do prazer de escrever sobre os assuntos pertinentes à nossa realidade. Hoje, também rendo meus agradecimentos a todas estas pessoas, sem as quais o ingresso por estas paragens seria mais obstacularizado.

Por fim, para não me estender muito, peço com todo o afeto e carinho que nutrem pelo "Blog Hugo Freitas", que continuem a ler e a levar adiante, para o máximo de pessoas possíveis, os textos aqui publicados.

Tenham certeza de que todos os esforços dispendidos até agora e os que ainda há de haver para a produção analítica deste blog, que se apresenta em formato de revista (por isso as atualizações semanais), se baseiam única e exclusivamente no desejo profundo e sincero de levar ao povo de minha terra e a todos os maranhenses um olhar que navega contra a maré, que desperta a dúvida e que incomoda os que estão acomodados com a situação crítica de todos os indicadores sociais de nosso Estado.

Se, nesse propósito, eu encontrar pelo caminho quem possa me ajudar a compartilhar de tal objetivo, saibam que eis aqui um verdadeiro amigo, um sonhador e um idealista, disposto a travar batalhas reais para vencer a guerra contra a miséria e os desmandos que operam impunemente no Maranhão, ainda que as minhas armas sejam as palavras.

Abraços fraternos a todos vocês e que Deus nos abençoe.

Hugo Freitas

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Honoráveis Bandidos: A Luta pela Liberdade


Há exatos 42 anos irrompia, num dos momentos mais marcantes da história recente do Brasil, o famigerado AI-5, um dispositivo jurídico-político que na prática significou o recrudescimento da repressão no país e a plenitude de poderes de exceção que levaram ao aumento da violência da Ditadura Militar (1964-1985).

O Ato Institucional Nº 05, gestado em 13 de dezembro de 1968, perdurou até o ano de 1978. Através dele, os generais no poder talharam para si a chamada “linha dura” do regime, que consistia no fim das liberdades individuais, no fechamento de partidos políticos, na cassação de mandatos, no exílio de incontáveis figuras civis (entre jornalistas, advogados, artistas, políticos, etc.), na perseguição aos religiosos considerados “subversivos” e na prisão, tortura e morte de muitos daqueles contrários ao regime.

Instituído ainda no governo do general Costa e Silva, foi durante o mandato presidencial do general Emilio Garrastazu Médici que seus ditames textuais suscitaram com mais vigor a repressão e a intolerância contra todos aqueles que colocassem em risco a “Segurança Nacional” ou que representassem uma ameaça à ordem vigente estabelecida pelos militares através da força das armas a partir do Golpe de 1964, que depôs a ordem democrática e tomou de assalto as rédeas políticas do Estado brasileiro.

Mesmo diante deste passado ainda tão recente, as chagas da ditadura militar são perceptíveis em diversos momentos no cenário político atual do país, particularmente em alguns estados da federação, onde as velhas estruturas ainda ditam as suas regras e se utilizam do mesmo molde violento que regeu o governo dos militares.

Há pouco mais de um ano, por exemplo, um episódio ocorrido em São Luís deixou claro que a violência é um recurso bastante utilizado pelos poderosos quando as palavras e os argumentos são concebidos como verdadeiras "armas", que dilaceram como lâminas afiadas os corações e mentes de um povo ainda em insipiente processo de libertação dos grilhões invisíveis que os escravizam intelectualmente.

A noite da quarta-feira do dia 04 de novembro de 2009, data em que se realizou o lançamento do livro “Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney”, do jornalista Palmério Dória, foi marcada por incidentes que ameaçaram seriamente a liberdade de expressão e que remontaram ao período de chumbo de nossa história, causando preocupação a todos quanto às (velhas e perigosas) formas de se fazer política em nosso Estado.

Os incidentes ocorridos no auditório do Sindicato dos Bancários do Maranhão, que começaram com vaias e terminaram com depredação e arremesso de cadeiras, foram as formas encontradas por supostos "estudantes" para silenciar e amedrontar os que assistiam ao evento. Informações veiculadas à época, principalmente pela mídia impressa, apontaram indícios que vinculariam os agitadores aos “defensores” da oligarquia Sarney, suspeitos de terem financiado as ações de violência e vandalismo.

Tais ações representaram uma tentativa de silenciar a voz daqueles que bradam por um país mais justo e fraterno, mais livre e verdadeiramente democrático, à medida que o citado livro surgia no cenário político maranhense como um combustível a mais na luta contra as velhas estruturas, analisando e denunciando os desmandos ocorridos por estas paragens.

Em outras palavras, a truculência dos "manifestantes" pró-Sarney significou uma temerosa ameaça às liberdades constitucionais, principalmente à liberdade de expressão, pelas quais inúmeras lutas foram travadas e sangue derramado para que pudéssemos usufruí-las em sua plenitude. Isso demonstra o grau de analfabetismo político da juventude no Maranhão, que se submete às benesses promovidas pelos oligarcas à revelia de uma postura ética e crítico-reflexiva.

Pior, sinaliza para o retorno de um simbolismo histórico que remonta às atividades partidárias de homens como Adolf Hitler, Benito Mussolini e Josef Stálin, figuras públicas que suplantaram o debate político pela violência e coerção através da força.

Claramente, os eventos ocorridos naquela fatídica noite de quarta-feira denunciaram que estamos vivenciando a ameaça constante de sermos silenciados pela intolerância, pelo desrespeito às liberdades democráticas, pelo monopólio do poder político, pela força bruta dos donos do poder, em suma, pela oligarquia que deseja a manutenção de sua hegemonia através da cooptação corrupta de mentes e corações dos jovens despolitizados e mercenários do Maranhão.

Esta sensação de ameaça às liberdades garantidas pela Carta Magna não pode se sustentar. Eventos como este devem ser extirpados da vida política regional. Para isso, é necessário que haja um fomento maior na questão de conscientização política da juventude maranhense, há muito alijada do processo político em nosso Estado, concebida apenas como mera massa de manobra pelos velhos caciques.

Uma nova cultura política no Maranhão, portanto, é condição sine qua non para despertar nos jovens e adultos de nosso Estado a consciência de que estamos sendo obliterados constantemente em nossa liberdade de expressão. A tentativa de impedir o lançamento do livro “Honoráveis Bandidos” e o boicote feito à época junto às editoras proibindo a sua venda, hoje encontrado em diversos pontos de comercialização, são as provas materiais de que não são brandas as forças que teimam em tomar de assalto nossa voz, apedrejando o caminho que abre espaço para nossa vez.

Para tanto, contudo, urge a necessidade de se promover um debate mais arguto e eficaz sobre as liberdades democráticas, o direito à informação e o dever de todo cidadão de defender nossa Constituição, tantas vezes desrespeitada e colocada à margem das ações de nossos governantes.

Negligenciá-la, portanto, é caminhar para trás. Não obedecer a seus princípios norteadores é a constatação de que voam longe os dias em que a diferença abissal entre a instituição das normas reguladoras e a sua práxis social efetiva será atenuada. Resistir, contudo, é preciso.

Neste dia em que o AI-5 completa mais um aniversário e que vivemos o momento em que muitos estudos são feitos em todo o país sobre os anos de chumbo da ditadura militar, devemos relembrar eventos como os ocorridos no lançamento do livro de Palmério Dória para mostrar aos quatro cantos do mundo que a luta pela garantia dos nossos direitos é algo perene e constante. Afinal, a liberdade é a única bandeira pela qual vale a pena edificar trincheiras.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Descortinando a Feira do Livro de São Luís

A Feira do Livro de São Luís, sem dúvida, é um dos eventos que vem ganhando enorme prestígio e aceitação pelo público maranhense nos últimos anos e se constituindo como um marco para o cenário cultural do Estado, além de se apresentar como uma excelente opção de lazer para jovens, adultos e crianças e de oportunizar à população em geral maior contato com as artes e com o gosto pela leitura.

No entanto, levando em consideração a última matéria publicada neste blog, onde expusemos um olhar contrastante sobre a Feira, bipolarizando óticas distintas e controversas e dando voz àqueles que puderam observar o grau de exclusão ou de não-contemplação por parte de um evento desse porte em relação aos mais alijados das benesses capitalistas por estas maranhas, sentimo-nos no dever de trazer à luz da apreciação de nossos leitores uma entrevista concedida ao jornalista Hugo Freitas da Assessora Técnica da Fundação Municipal de Cultura, Carol Sopas, uma das principais organizadoras da Feira do Livro de São Luís, que além de descortinar o evento, falou-nos sobre as dificuldades para se realizá-lo e as projeções para os próximos anos.

Programação cultural
Carol Sopas revelou que é dada prioridade aos artistas e escritores maranhenses que desejam participar do evento. “Lança-se uma convocatória por meio de publicação de edital para aqueles que desejam publicar livros, ministrar palestras e oficinas, o que posteriormente será submetido à análise pelos organizadores, para que seja feita a triagem dos participantes, levando-se em consideração o currículo e a proposta dos candidatos”.
A assessora da Func, no entanto, relata que o público parece gostar mais dos autores de outros Estados do país. “Por incrível que pareça, os dias de maior movimentação na Feira são aqueles em que há a presença de escritores de fora”.
Além disso, ela revelou quais os critérios de escolha dos patronos e qual a participação deles no transcorrer do evento. “Não é uma decisão isolada. A escolha é feita entre os parceiros. O presidente da Func indica quem será o homenageado. Se os parceiros derem ok, este será o patrono da Feira. A gestão atual adotou o critério de o patrono ser um renomado escritor que ainda esteja vivo. Isso permite que eles participem efetivamente do evento.
No ano passado, Ferreira Gullart que foi o homenageado não pôde estar presente, por conta do medo que ele tem de viajar de avião. Este ano, entretanto, o patrono Zé Louzeiro chegava às 17h na Feira e só saía quando terminava tudo, atendendo todo mundo com muito carinho e simpatia".  
Dificuldades na organização da Feira
Carol contou detalhes sobre as dificuldades enfrentadas pelos organizadores para fazer com que a Feira fosse uma realidade. “A Feira do Livro é um evento realizado pela Prefeitura de São Luís, em parceria com o SESC, com a Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria Municipal de Cultura. No entanto, a gente tem uma grande dificuldade justamente por ser uma Feira promovida pela Prefeitura. A questão política é muito forte nesse sentido. Isto porque o planejamento plurianual, que é feito de quatro em quatro anos, é realizado no fim de cada mandato. E, geralmente, nenhum político que sai deixa tudo prontinho para o próximo que vai assumir. Por isso, a Prefeitura primeiramente tem que acertar as contas”.
Sobre o apoio dos parceiros e dos patrocinadores e da Lei de Incentivo à Cultura, a chamada Lei Rouanet, que estimula empresas a investirem em atividades e eventos culturais em troca de dedução fiscal de impostos e tributos, a entrevistada relata que a ajuda ainda é pouca. “Nossa grade dificuldade é tentar fazer com que as empresas se sintam parte da Feira. Muitas sentem vontade de agregar seu nome ou sua marca ao evento, mas sentem receio. O que tivemos de patrocínio foi obtido fora da lei de incentivo, principalmente através do SESC, nosso maior parceiro e co-realizador da Feira deste ano”.
Carol nega ainda a informação de que a Feira correu risco de não acontecer neste ano por falta de patrocinadores, destacando outro problema. “Tivemos um problema de licitação para a montagem da estrutura da Feira. Quando já estava tudo pronto, uma outra empresa contestou a concessão dada à empresa vitoriosa. E isso atrasou tudo. O problema foi esse e não por conta de patrocinadores. Aliás, este problema foi referente ao ano passado, quando realmente não tínhamos quase nenhum apoio de patrocínio”.
Preço dos livros
A questão do alto preço dos livros foi outro ponto comentado por Carol Sopas, que afirmou que isso não depende da organização do evento, mas sim de um acordo entre as editoras e a Associação Maranhense dos Livreiros. “Há toda uma negociação envolvendo a Associação e as editoras para se tentar diminuir os preços dos livros, reconhecidamente bastante elevados. Enquanto eles não resolverem essa briga, fica difícil baratear os preços. Mesmo com a isenção de taxas na montagem dos estandes, as editoras não diminuíram o valor monetário dos livros, alegando que tem de resolver essa questão com a Associação dos Livreiros”.
Perspectivas para 2011
Carol Sopas finalizou a entrevista projetando a Feira para o próximo ano. “Já estamos nos mobilizando para realizarmos a Feira de 2011, com bastante antecedência. Fizemos uma reunião recentemente para fazermos um balanço sobre o evento deste ano. Verificamos os erros e os acertos e, também, os aspectos que podem e devem ser melhorados para diminuirmos as dificuldades da próxima edição".
A entrevistada revela ainda uma novidade para a Feira do ano que vem. "Em 2011, faremos ainda uma votação popular para a escolha do patrono. O público é quem irá decidir o patrono da próxima edição da Feira, contanto que ele ainda esteja vivo”.
Diante de todo o exposto, os apreciadores da Feira do Livro de São Luís têm boas perspectivas de melhorias para a próxima edição. Pelo menos, no que tange ao planejamento prévio e na organização antecipada. Contudo, o relato de Carol Sopas serve apropriadamente para cimentar alguns pontos já obsevados na matéria "Feira do Livro: um olhar contrastante", publicada neste blog, e apontar outros ainda não aventados.
A "Feira do Livro" efetivamente se transformou na "Feira das Editoras". Mesmo com a oferta de redução de taxas sobre a montagem dos estandes, as editoras não arredam o pé na manutenção de seus lucros sobre a venda dos livros. Sem contar a "briga" com a Associação Maranhense dos Livreiros que, segundo Carol Sopas, é a principal responsável pela não diminuição imediata dos preços, eximindo assim de qualquer culpa a Prefeitura de São Luís, que é a realizadora do evento. Desta forma, ela acaba demonstrando, mesmo sem querer, toda a inoperância e a falta de poder da gestão municipal sobre as editoras, que agem livremente a seu bel prazer.
Além disso, a falta de visão e de interesse dos empresários maranhenses sobre o evento é a prova cabal de que investir em educação e cultura não é atração nem intenção de ninguém. Se não se pode conquistar um lucro fácil e rápido, pelo menos a médio prazo, não é interessante aos investidores, mesmo com a Lei Rouanet, o que só faz com que as esperanças de popularização do livro e de facilitação do acesso à leitura vão-se esmaecendo num horizonte cada vez mais distante.
Este é o retrato do nosso “Patrimônio Cultural” da Humanidade. Se uma nação é feita de homens e livros, no Maranhão um povo é feito da riqueza de uns e da ignorância de muitos, para não dizer de todos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Feira do Livro: um olhar contrastante

A 4ª edição da Feira do Livro de São Luís, que aconteceu de 12 a 21 de novembro, na Praça Maria Aragão, encerrou suas atividades com o mesmo sucesso de público do ano passado.

Com o tema “O livro é guia e instrumento da sabedoria”, a edição deste ano, que teve como patrono o escritor, cineasta e jornalista José Louzeiro, trouxe diversificados espaços onde foram desenvolvidas inúmeras palestras, debates literários, lançamentos de livros e apresentações culturais.

Um dos fatos que mais marcaram o evento foi a presença de um acentuado público infantil, de 0 a 6 anos, que, acompanhadas de seus pais, puderam participar e mergulhar no fabuloso mundo da imaginação, num espaço destinado exclusivamente para as crianças nessa faixa etária. Para Cristina dos Santos, 26, mãe de Maria Clara, de apenas dois anos, a Feira serviu de incentivo ao gosto pela leitura e pelas artes, tanto para ela quanto para sua filha, que observava atentamente as apresentações dos grupos de teatro infantil.

Outro ponto a favor da Feira deste ano foi o contato maior dos escritores com o público, que teve a oportunidade de discutir textos e idéias, além de tirar fotos e receber autógrafos, tudo facilitado pelo formato das palestras e dos debates, que estimulava a participação da platéia ao mesmo tempo em que favorecia maior interação entre leitores anônimos e autores renomados como Ceres Costa Fernandes, Sônia Almeida, além do próprio José Louzeiro.

No entanto, um aspecto negativo a ser ressaltado é a questão da desorganização do evento que, quase às vésperas da data prevista para seu início, ainda não se tinha certeza se iria acontecer ou não. Segundo a estudante Cecília dos Anjos, 25, que trabalhou na organização do evento, foram os patrocinadores que fizeram a Feira. “Se não fossem eles, a Feira não teria acontecido”.

Cecília informa ainda que o próprio homenageado não foi bem divulgado. “Este ano, quase não tem panfletos sobre o José Louzeiro. Se você olhar bem, só existe aquele da entrada e alguns outros menores, espalhados por aí, sem que ninguém veja direito. Muita gente já parou para me perguntar: Quem é esse Zé Louzeiro?”.

Já para o administrador Sóstenes Salgado, 43, outro ponto preocupante da Feira foi a falta de acesso da população mais pobre aos livros, cada vez mais caros. “A Feira se tornou um negócio. Não é algo popular. As classes menos aquinhoadas não têm acesso ao conteúdo dos livros. Só podem visualizá-los”, afirma o administrador. Para ele, uma possível solução seria a distribuição de livros. “Se isso fosse feito, a Feira atingiria seu maior objetivo: o de formar leitores”.

Assim, a edição de 2010 da Feira do Livro de São Luís deixa um saldo paradoxal no seio da população maranhense. Apesar do estímulo e da preocupação com as futuras gerações de leitores, exemplificadas na destinação de espaços excluvisos para o público infantil, o evento ainda deixa lacunas significativas para o cenário cultural regional, à medida que não favorece a materialização do desejo de inúmeros maranhenses pobres em aquisição de livros para serem lidos, e não simplesmente apreciados, vislumbrados nos estandes.

Nesse caráter meramente contemplativo, a “Feira do Livro” se transforma na “Feira das Editoras”, que elevam seus preços na expectativa de venderem mais – mas não a um mercado popular, e sim, às faixas mais “nobres” da sociedade maranhense e aos turistas, em visita à cidade – o que evidencia maior preocupação com os lucros do que com a disseminação do hábito da leitura, transmutando o significado do “livro como instrumento de sabedoria” em “livro como precioso artigo de luxo”.
           

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dia de Combate à Violência contra a Mulher

Muitas mulheres são vítimas de violência doméstica, preconceito no trabalho, enfrentam jornadas triplas (trabalhadora, mãe e esposa), não têm direito à autonomia do seu corpo – que dirá de sua vida, pressionadas não só por pais e companheiros ignorantes mas também por uma sociedade que vive com um pé no futuro e o corpo no passado. A qual todos nós pertencemos e, portanto, somos atores da perpetuação de suas bizarrices.

Discutimos muito sobre as mudanças estruturais pelas quais o país tem que passar, citando saúde, educação, transporte, segurança, mas esquecemos dos problemas ligados aos grupos que sofrem com o desrespeito aos seus direitos fundamentais. Que não conhecem classe social, cor ou idade. Como as mulheres, que são maioria – e minoria.


Nesta quinta (25), celebra-se o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta contra a Violência à Mulher. Por isso, trago algumas ponderações sobre diversas formas de violência que praticamos diariamente para relembrar a data: (para uma leitura mais aprofundada, recomendo o blog Viva Mulher, da jornalista Maíra Kubik Mano)


- Dado Dolabella, que ficou conhecido por agressão e por ser enquadrado na Lei Maria da Penha, ganhou um R$ 1 milhão em um reality show, após voto maciço de internautas e telespectadores. Um povo que premia um agressor de mulheres tem moral para reclamar de corrupção na política ou de qualquer outra coisa?


- Mesmo em cargo de chefia, as mulheres têm que provar que são melhores do que os homens. Néstor morreu e houve gente que perguntou se Cristina teria capacidade de tocar o governo argentino sem os conselhos dele na cama. Fino…


- Temos uma mulher presidenta. Simbolicamente relevante, politicamente insuficiente. São poucas as governadoras, prefeitas, senadoras, deputadas, vereadoras. Mas também executivas, gerentes, síndicas de condomínios. Falta criar condições para que elas cheguem lá. Ou alguém acha que isso vai ocorrer por geração espontânea?


- A Suprema Corte tem 11 assentos. Só dois deles pertencem a mulheres, infelizmente. Já ligaram a TV Justiça em horário de transmissão do STF de pautas importantes e temas que são holofotes para o ego? Testosterona demais, sabe?


- Mulheres são maioria nas redações, mas não em cargos de alta chefia – muito menos entre os editorialistas, que redigem a opinião dos veículos de comunicação.


Pesquisas apontam que a violência doméstica não é monopólio de determinada classe social e nível de escolaridade. Junto com homofobia e machismo são problemas que ocorrem em todo o subcontinente, da sociedade mexicana à chilena, passando pela brasileira. OK, no nosso caso é melhor colocar a culpa no processo de formação do Brasil, na herança do patriarcalismo português, nas imposições religiosas, no Jardim do Éden e por aí vai. É mais fácil atestar que somos frutos de algo, determinados pelo passado, do que tentar romper com uma inércia que mantém cidadãos de primeira classe (homens, ricos, brancos, heterossexuais) e segunda classe (mulheres, pobres, negras e índias, homossexuais etc). Tem sido uma luta inglória, mas necessária, tentar abrir a cabeça do povo.


- Para muita “gente de bem”, pior que prostituição infantil é mulher adulta ter direito a decidir sobre seu próprio corpo. Até porque, cada coisa no seu lugar: mulher é historicamente objeto e menina com peito e bunda já é mulher. Mesmo que brinque de boneca.


- Lembram o que aquele juiz tosco, de Sete Lagoas (MG), disse ao rejeitar punições baseadas na Lei Maria da Penha?: “Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (…) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!”(…) Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões.” 

- História que segue pau-a-pau com a do arcebispo de Olinda e Recife José Cardoso Sobrinho, que excomungou, no ano passado, os médicos envolvidos em um aborto legal realizado em uma menina de nove anos, grávida de gêmeos do padrastro que a estuprava desde os seis anos de idade. Ela tinha 1,36 m e 33 quilos. Deus Pai!


Em 1983, o ex-marido de Maria da Penha atirou nas costas da esposa e depois tentou eletrocutá-la. Não conseguiu matá-la, mas a deixou paraplégica. Muitos anos de impunidade depois, pegou seis anos de prisão, mas ficou pouco tempo atrás das grades. A sua busca por justiça tornou-a símbolo da luta contra a violência doméstica. A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006 para combater a violência doméstica contra a mulher, sofre constantes ataques desde que foi criada. Interpretações distorcidas de juízes, falta de orçamento para colocar políticas de prevenção em prática, tentativas de diminuir a força dessa legislação. Inacreditável? Que nada! Viva o Brasil chauvinista e patriarcal, que usa a justificativa da “defesa da honra” para honrar a própria ignorância e covardia.


- A opressão realmente adota formas diferentes. Muitas vezes travestidas de um simples costume. Por exemplo, forçar a namorada a adotar o sobrenome após o casamento é bisonho. Uns vão chamar de tradição – esquecendo que tradição é algo construído, muitas vezes pela classe (ou gênero) dominante. Mas, pense pelo outro lado: se for para trocar, que tal invertermos e os homens começarem a adotar os sobrenomes de suas esposas?


- Homens que trabalham no Brasil gastam 9,2 horas semanais com afazeres domésticos, enquanto que as mulheres que trabalham dedicam 20,9 horas semanais para o mesmo fim – dados de uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho. Com isso, apesar da jornada semanal média das mulheres no mercado ser inferior a dos homens (34,8 contra 42,7 horas, em termos apenas da produção econômica), a jornada média semanal das mulheres alcança 57,1 horas e ultrapassa em quase cinco horas a dos homens – 52,3 horas – somando com a jornada doméstica. E os caras ainda dizem que trampam mais do que elas, vejam só.

Por fim, mas não menos ridículo, cantar um “tapinha não dói” tornou-se hit cult.


Todos nós, homens, somos sim inimigos, até que sejamos educados para o contrário. E tendo em vista a formação que tivemos, é um longo caminho até alcançarmos um mínimo de decência para com o sexo oposto.

Texto escrito pelo jornalista Sakamoto.

domingo, 21 de novembro de 2010

Um Reitor Negro: medo ou preconceito?

Na história da humanidade, os conflitos entre povos, resultavam sempre em vencedores e cativos, ou seja, após as guerras, os vencidos passavam a serem cativos dos vitoriosos.
Quando os conquistadores portugueses começaram os primeiros contatos com os africanos, no século XV, não havia ainda atrito de origem racial, entretanto, na época, iniciou-se o comércio de escravos, com a finalidade de aumentar o número de trabalhadores na sociedade européia.
No século XIX, quando os europeus iniciaram a colonização do Continente Africano e nas Américas, impuseram aos povos nativos, leis e novas formas de viver, pregando a doutrina dominante de que negros e índios eram raças inferiores, iniciando-se então a discriminação racial. Os colonizados que não aceitavam a submissão aplicavam-lhes o genocídio.
No Brasil, as primeiras discriminações raciais, vêm com o descobrimento em 1500 e as vítimas, foram os índios. No período colonial até o final do Império, a escravidão no Brasil é marcada pelo uso de escravos vindo do Continente Africano.
A escravidão foi oficialmente abolida no Brasil, segundo a história, no dia 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea. Entretanto, no nosso entendimento, a citada lei, não passou de letras mortas, pois tiraram os negros das senzalas e os colocaram nos guetos, palafitas das favelas e nos porões das cadeias e penitenciárias públicas. A escravidão moderna continua. A sociedade diz não ser racista, mas, nega-lhes o acesso às políticas públicas, como a educação de qualidade, a saúde, o emprego decente e digno.
A rigor, durante todo esse tempo, o racismo permanece vivo em nosso país e exemplos de casos não faltam como o caso Gerô, o Jeremias Pereira da Silva, espancado até a morte por policiais militares, em março de 2007.
Segundo Aurélio, racismo “é uma doutrina que sustenta a superioridade de certas raças. Preconceito ou discriminação em relação a indivíduo considerado de outra raça”.
Na sociedade maranhense, composta em sua grande maioria por afro-descendentes, mesmo assim não foge a regra. Pratica-se o racismo camuflado e/ou explicitamente.
Um fato de puro racismo veio à tona com as eleições para Reitor da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.
O Prof. Joaquim Teixeira Lopes (Juca) ao inscrever-se como candidato a Reitor, juntamente com a Profa. Dra. Maria Célia Pires Costa, na condição de Vice-Reitora, aquele foi alvo de puro racismo em um Blog do jornalista Marco Aurélio D’eca.O referido blog oportunizou que anônimos racistas externassem e disseminassem seus ódios raciais e a intolerância. Valendo-se ao mesmo tempo da possibilidade do anonimato e do alcance de milhões de internautas, covardes racistas manifestaram-se de forma intolerável ao candidato Juca.
A prática e a divulgação do racismo, mesmo pela internet são tratadas como um crime pela legislação brasileira e o site onde o blog está hospedado, é passível de punição previstas em lei, além de poder ser retirado do ar.
A Constituição Brasileira de 1988, tornou a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão inafiançável e imprescritível.
O artigo do jornalista Marco D’eca, postado em 14/11/2010 em seu blog, intitulado: “Candidato a reitor da Uema desrespeita decisão do Consun e mostra desconhecimento da lei”, diz:
O eterno candidato a reitor da Uema, professor Juca (na foto de camisa vermelha e óculos), deu uma demonstração de desconhecimento da lei e da falta de respeito ao órgão máximo da instituição, o Conselho Universitário – o que o põe distante da grandeza que o cargo requer.
Ao invés de usar o convencimento por meio de proposta como estratégia de campanha, como exige a democracia, prefere o golpe baixo, a política rasteira e o argumento sem prova.
O texto fomentou comentários preconceituosos de internautas. De forma subliminar, o jornalista supramencionado passa sua mensagem preconceituosa aos internautas, na tentativa, dissimulada de persuadi-los a ver o candidato Juca, preconceituosamente, ou seja, o texto citado acima, atuou de forma indireta no subconsciente das pessoas e atingiu o objetivo do autor, ensejando comentários odientos e preconceituosos, como o do anônimo “Professor” que disse: “Juca é uma piada”, seguidos de outros comentários racistas como o que se denominou “Titular”, in verbis:
Titular disse:
"Como um sujeito desse quer ser reitor da Uema? Além de não entender nada da legislação não sabe falar e muito menos se vestir ou pentear os cabelos!! Jamais vamos querer um representante desse nível para assumir os destinos da nossa Universidade".
Outro internauta como o Tonho disse: “[...] Um irresponsável de marca maior!!”, já o Mauro comentou: “Juca é um terrorista disfarçado de defensor dos servidores" e o Luís Fredson assinalou: “estou na Uema há 14 anos e sei que Juca é sinônimo de bagunça e de palhaçada".
Nota-se que esses e outros assimilaram bem a mensagem do jornalista e, protegidos pelo anonimato, externaram todo o seu racismo.
Pior de tudo é que, pelo conteúdo dos comentários, os anônimos pertencem à comunidade acadêmica da Uema.
No entanto, o cerne da questão está na cor da pele do prof. Juca. Ser negro neste país, não é fácil. Uma das poucas áreas que a sociedade aceita que o negro consiga destaque é o esporte.
Um reitor negro? É medo ou preconceito? Analisemos a questão.
O medo é um bom justificador para o preconceito. O medo de um reitor negro significa o medo de perder o que foi conquistado, o medo de perder privilégios, o status. O Juca reitor, faz tremer e temer, quem tem algo a esconder, ou fez algo de errado.
A perda do medo é o caminho para superar o racismo e o preconceito.
Registro mais recente da superação do medo foi da África do Sul. Nesse país, o apartheid, iniciado em 1948, manteve a população africana sob domínio dos europeus e teve seu fim em abril de 1994.
Nelson Mandela, advogado e líder do movimento antiapartheid, em 1962 foi preso e condenado a 5 anos de prisão e, em 1964, foi sentenciado novamente a prisão perpétua, porém em fevereiro de 1990 foi libertado e foi o primeiro presidente negro da África do Sul, de 1994 a 1999.
Comunidade acadêmica da Uema e sociedade maranhense, não tenham medo do Juca e façam como o prof. Técio Leite, que postou comentário no blog do jornalista dizendo:
"Acho que vocês estão com preconceito contra o professor Juca que há muitos anos é um porta voz das manifestações de uma grande parcela de professores e funcionários da UEMA".
Outro internauta do blog Sr. Carlos Leen disse: Nunca vi tantos comentários preconceituosos juntos. O prof. Juca é um lutador a serviço de sua classe [...] e o servidor Apolinário Costa Coelho postou: "[...] o que faz um homem não é o modo de se vestir ou sua aparençia {sic}, e sim o seu caráter, a sua moral e dignidade [...]".
Parafraseando o Nelson Mandela, vos digo: Comunidade Acadêmica da Uema, que não tem medo e nem preconceito: Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! e teremos um reitor, afro-descendente.
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinada a amar”. Nelson Mandela
Engenheiro Agronômo Júlio Cesar de Sousa Martins
Servidor da Uema

sábado, 20 de novembro de 2010

O Efeito Dissonante da Existência do Estado

O nascimento do Estado Democrático de Direito na modernidade vincula-se ao entendimento da impossibilidade dos homens viverem em comunidade e de solucionarem pacificamente seus conflitos. Sua natureza, portanto, seria constituída pela função de mediador desses conflitos que, de certa forma, obstacularizavam o desenvolvimento das nações e, por conseguinte, dos homens.

Para o filósofo John Locke, a existência de tais conflitos edificam a máxima de que "o homem é o lobo do próprio homem", cujas disputas entre si beiram a selvageria, justamente pela ausência de "uma força" ou instituição que promovesse a justiça através da solução pacífica das contendas e da mediação para o entendimento recíproco.

A necessidade de um "Estado", pois, vai sendo criada e forjada na constatação dessa "natureza perversa" do homem, que não consegue estabelecer um convívio saudável em sociedade. Segundo o filósofo Thomas Hobbes, outro teórico da constituição genética do Estado, essa força invisível, porém sensível, precisaria se impor sobre a coletividade para fazer valer suas deliberações, a fim de que a "maldade humana" fosse sufocada e reprimida em detrimento da manutenção dos laços de união entre os cidadãos de um mesmo povo.

Para tanto, seria necessário centralizar a política e todo o poder dela emanente nas mãos desse "Leviatã", que se ramificaria pelas diversas células constitutivas do convívio social, onisciente, onipotente e onipresente em todas as situações de regulação da vida em sociedade, exigindo a submissão fiel e silenciosa de seus súditos em troca de segurança e proteção. O Estado hobbesiano, portanto, seria esse verdadeiro "monstro" totalitário, necessário para se impor com força e poder suficientes para dirimir os conflitos e manter a coesão da nação.

No entanto, numa perspectiva diametralmente oposta, o filósofo Jean-Jacques Rousseau estabelece uma crítica a esses dois modelos teóricos de formação do Estado. Na concepção rousseniana, é necessário que haja uma espécie de "contrato social" entre os homens, pelo qual as liberdades individuais de cada cidadão seriam delegadas à coletividade. Dessa forma, ninguém se sobreporia a ninguém, pois o Estado seria fruto da vontade consciente e geral da população, ao qual todos devotariam obediência, obedecendo assim a si mesmo.

Em suma, o Estado teria a natureza da "vontade geral", esplendor da forma racional de organização social, através do qual todos seriam atendidos e contemplados, pois suas decisões seriam deliberadas baseadas no princípio da coletividade, isto é, no "bem-comum".

Portanto, cada súdito (cidadão) seria livre e alcançaria a felicidade, pois prosternaria-se em obediência à sua própria vontade, já que as individualidades diluíriam-se na coletividade, sem nenhum risco do privatismo de interesses dos governantes se sobreporem ao organismo social, que os expulsaria e elegeria outros "aspirantes a gestores públicos" mais concatenados com o entendimento absoluto da "vontade geral".

Trazendo tais concepções para os dias atuais, percebemos que os três teóricos teriam certa relevância em alguns aspectos da vida política do Brasil. No quesito segurança pública, por exemplo, observamos uma tendência cada vez mais crescente de se "vigiar" a sociedade e saber de tudo o que se passa com os cidadãos, identificando-os e dizendo quem são eles.

Tal perspectiva amolda-se perfeitamente à concepção hobbesiana do "Leviatã", figura do "Estado-monstro" que tudo vê e ouve, materializada nas inúmeras câmeras espalhadas pelo país afora, tanto em lugares públicos quanto privados, bem como na tentativa de se reunir em um banco de dados, geral e único, todas as informações pertinentes aos súditos da "pátria mãe gentil", o conhecido "Registro Único", facilitando assim o trabalho investigativo dos órgãos de segurança sobre os "desgarrados da lei".

Além disso, no que diz respeito à eficiência da solução dos conflitos, é sensível a presença do pensamento de Locke justamente na constatação da ausência da justiça "cega" do Estado, que sempre se posicionou (e ainda o faz) a favor dos interesses das classes dominantes e fechou os olhos para os despossuídos. Nesse sentido, o homem continua sendo o lobo do homem, não mais pela inexistência de uma "força conciliadora", mas por sua ineficiência e inoperância diante das contendas e de sua utilização deliberada a pender sempre para o lado da balança que mais lhe convir.

Em último aspecto, analisamos que o idealismo romântico rousseauniano se retroalimenta pelos veículos de comunicação, que enaltecem a nossa frágil democracia em tempos eleitorais para promover a disfarçatez do colonialismo econômico reinante em nosso modo de fazer política, no qual os partidos e os políticos continuam a dilatar o abismo entre os objetivos do Estado e a felicidade do povo, tendo como resultado diacrônico a imersão do bem-comum no recôndito subterrâneo cancerígeno da corrupção.

Por tudo isso, no que tange à efetividade do Estado "Democrático" de Direito no Brasil, é que observamos com tristeza e indignação a supressão de seus objetivos sociais. Mensalões, Sanguessugas, dinheiro em meias e cuecas de parlamentares, malas abarrotadas de dólar, compra de castelos, palácios e... panetones..., são alguns do sem-número de exemplos de que a figura do Estado sofre de deformação aguda, de desmacaramento de suas sevícias e de exposição visceral de seus órgãos espúrios.

À luz dos teóricos analisados, a figura do Estado passa por uma metamorfose decadente, sôfrega e contraditória. Se, antes, gestado como mediador dos conflitos oriundos da vida em comunidade, mantenedor dos laços coesivos da nação e promotor do bem-comum, nos dias que se seguem, particularmente no Brasil, são os "ismos" que continuam a ditar as regras do jogo da sobrevivência da população: clientelismo, paternalismo, patrimonialismo, assistencialismo, onde todos os súditos da "terra adorada" são transformados em "gado consumidor", despolitizados e marginalizados, no que diz respeito ao debate político, cada vez mais inexistente.








Sai a Lista dos Classificados para as Finais do II Som na CUCA

A II edição do Festival de Música do Circuito Universitário de Cultura e Arte – CUCA “Mestre Antônio Vieira”, que acontecerá nos dias 01 e 02 de dezembro no Circo Cultural Nelson Brito “Circo da Cidade”, mostra mais uma vez ao público maranhense o melhor da música produzida no Estado, fortalecendo, principalmente, a cultura musical oriunda das universidades (berço nacional de grandes talentos que o CUCA, desde a época do Centro Popular de Cultura (CPC), nos anos 60, vem revelando).

A coordenação do II Som na CUCA parabeniza a todos os artistas que se inscreveram na edição de 2010, tendo a certeza de que iniciativas como o festival só vem a dar maior visibilidade aos trabalhos de qualidade feitos no Maranhão nos diversos estilos musicais. Já foram escolhidos os 16 finalistas do II Som na CUCA.

Conheça os finalistas:

Lista Oficial dos classificados para o II Som Na Cuca:

1. Conspiração - Bartolomeu Rodrigues
2. Cabo De Guerra- Chico Nô
3. Chão - Durval Junior
4. Na Batida Do Tambor - Emanuel De Jesus
5. Vida Empoeirada - Flávio Quin
6. Tantos Olhos - Hyudison Cassio
7. Encruzilhada - Ivaldo Guimarães
8. Nesse Terreiro - José De Ribamar Negreiro Xavier
9. Cacos - Marcelo Amati
10. Catinguelê - Paulinho De Maré
11. Xeque - Ronaldo Queiroz
12. Meu Dêngo - Saul Gutman
13. História De Um Par - Sérgio Muniz
14. Cavalo De Fogo - Smith Junior E Uimar Cavalcante
15. Bossa Nossa - Thiago Máci
16. Sintomas De Saudade - Zé Lopes

Agora, é aguardar e curtir o que rola de melhor no cenário musical maranhense.

sábado, 13 de novembro de 2010

Nos Bastidores da Notícia: A Manipulação da Informação Midiatizada

Você acredita realmente em tudo o que lê, ouve e assiste nos veículos de comunicação? Se sim ou se não, sinta-se à vontade para nos acompanhar nestas linhas, onde expomos os bastidores da fabricação das notícias que nos chegam todos os dias pelos mais variados meios de comunicação.

Quem envereda pelo campo jornalístico, é sabedor de que não há isenção sobre os fatos noticiosos, ou melhor, sobre aquilo o que irá virar notícia. Estudos recentes revelam a existência de alguns mecanismos que, sob determinado prisma, conformam verdadeiros padrões de manipulação da informação midiatizada.  

A fragmentação é um destes padrões de manipulação utilizados pelas instituições midiáticas, consistindo na particularização, na atomização do fato jornalístico e na sua descontextualização, isto é, na não vinculação contextual das partes fragmentadas ao seu todo constitutivo, a realidade observada.

De fato, este processo de maquiagem da realidade ou de invenção de uma realidade fictícia através da fragmentação ocorre na grande maioria dos veículos de comunicação como estratégia de extração suficiente de informações sobre determinado fato jornalístico. À medida que o jornalista se debruça sobre o seu objeto de pesquisa, ele tende a isolá-lo, como forma de garantir ou explorar o máximo de informações possíveis para saciar a pretensa "curiosidade" do público leitor/espectador, departamentalizando cada situação observada, para, posteriormente, ordená-las à sua maneira.

Neste processo, contudo, a descontextualização aparece como um equívoco, não muito relevante para os grandes conglomerados comunicacionais, pois o que importa é o que foi dito, escrito, narrado. Muitas vezes, o público não se atenta para essa questão do contexto no qual as falas e as palavras escritas foram produzidas, e sim, com os seus efeitos ulteriores. E é neste ponto que a fragmentação é bem vinda e bastante utilizada pelos veículos midiáticos, como forma de garantir que as matérias produzam os efeitos almejados, desde a elaboração das pautas, passando pela seleção e descarte de informações, até a sua publicização final.

A impressão aparente que se observa deste mosaico noticioso é a de uma "ditadura informacional". Ditadura, sim, pois nunca o público (sociedade) tem acesso ou visibilidade de toda a dinâmica e dos complexos que engendram e edificam o produto final, ou melhor, as estruturas de mascaramento e ocultação/preservação de "verdades aceitáveis" que, quase sempre, obstacularizam ou promovem visibilidade distorcida da realidade observada através da imprensa.

E informacional, sim, também, pois o que é publicado e veiculado pelos "media" é aceito e introjetado pelo público leitor/espectador como caráter de "verdade", de realidade plena, quase nunca contestável em sua gênese elaborativa e em seus efeitos sintomáticos, no interior dos espaços que ocupa e reivindica na sociedade.

Nesta perspectiva, a separação das partes e a sua descontextualização ou revinculação a contextos diferentes, geralmente produzem sentidos desconexos aos da "realidade original", por assim dizer, criando desta forma novos e deformados sentidos, fatalmente condizentes ou norteados pelas instituições  midiáticas a seu bel prazer.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Comunicação na Internet: um sopro de liberdade

O processo de comunicação através da rede mundial de computadores sofreu um impulso significativo nos últimos anos, diante da proliferação de inúmeras ferramentas que potencializaram as relações comunicacionais entre os usuários da Internet, os ditos "internautas". Orkut, Blogs, MSN, Twitter, dentre outros, constituem-se, atualmente, como importantes meios de expansão da comunicação, o que acaba por pulverizar assim as fronteiras que se interpunham como obstáculos geográficos, bem como possibilitando a divulgação do pensamento livre em larga escala, sem a necessidade de intermediários nem o controle de veículos institucionalizados.

A dissipação das fronteiras geográficas através da Internet foi um importante salto para uma comunicação mais eficiente entre emissores e receptores, pois se antes o tempo de resposta vinha a galope, agora a mesma pode ser obtida praticamente em "tempo real", independentemente da distância entre os agentes, o que facilita a absorção da mensagem e as ações dela decorrentes. Hoje em dia, é possível estabelecer contato virtual com qualquer pessoa do mundo contectada à rede, a qualquer momento. Algumas ferramenteas como Facebook, Orkut, Twitter, só para citar as mais disseminadas, viraram verdadeira coqueluche entre os internautas, quer seja pela facilidade de comunicação e entretenimento, quer pela comodidade de estar em casa, no trabalho, na escola ou nas conhecidas e prolíferas lan houses.

Além disso, a comunicação na Internet atende a um princípio bastante importante nesse tipo de relação, a liberdade de expressão. Muitos recorrem à rede por encontrarem nela um espaço de disseminação do pensamento livre, desprovido das amarras ideológicas e institucionais que sedimentam a comunicação num nível mais amplo. Temos, por exemplo, os blogs, que se constituem num outro espaço de natureza comunicativa e informacional na rede, onde as discussões propostas e as informações veiculadas são sempre de escolha do proprietário da página, mas a participação dos leitores é praticamente irrestrita, ampliando assim o aspecto de interatividade no mundo virtual. Tanto o público leigo quanto especialistas podem criar e manter seus blogs, de acordo com suas preferências, propondo e debatendo temáticas as mais diversas possíveis, sem regulações a priori nem estabelecimento de censura prévia.

Por tudo isso, a Internet funciona como uma verdadeira plataforma sob a qual erigi-se uma alternativa ao processo comunicacional dito "oficial", onde as distâncias geográficas e os cerceamentos maquinados pelos veículos institucionalizados voam longe. O público leitor também passa a ser disseminador de informações, ideias e pensamentos, à medida que interage e dialoga com seus interlocutores virtuais, elevando assim o potencial comunicativo destas novas ferramentas, o que favorece um olhar para um futuro mais livre e democrático.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Analfabetismo Funcional e o Ensino Superior Brasileiro

O ensino superior brasileiro, há muito, desenvolveu-se através da disseminação da pesquisa e extensão, mas ainda assim não conseguiu insuflar na sociedade como um todo a prática da leitura. O que se percebe é apenas a instrumentalização da leitura, a transformação deste componente de formação crítica e conscientização em ferramenta operacional na busca pela obtenção do diploma.

Se se espelha no ensino superior o desenvolvimento de uma nação através da produção de conhecimento e aplicação posterior deste na realidade social, no cotidiano de quase cento e noventa milhões de brasileiros, há que se pensar também que a prática da leitura ainda não se constituiu num hábito. Segundo pesquisas recentes, o maior efetivo populacional de analfabetos são os funcionais, aqueles que leem e escrevem, mas não desenvolveram a capacidade de raciocínio e compreensão sobre o que leem e escrevem. Isso mostra que, mesmo com avanços na área de pesquisa e extensão, as universidades públicas e instituições privadas de ensino superior no país não obtiveram resultados frutíferos mínimos na questão de seu papel social primário: o de transformar a vida dos brasileiros através da leitura e, consequentemente, da educação.

Tal quadro se mostra ainda mais alarmante quando os próprios "universitários", por assim dizer, demonstram certa repulsa pela leitura à medida que são estimulados por seus professores. É o que revela dados do último Enad, onde se constatou que muitos alunos não conseguiam compreender o que se pedia nas questões. Talvez, essa deficiência adquirida por um modelo de  "educação bancária", que transformou aprendizes em meros reprodutores de conteúdo ao longo de toda sua gestação educacional, não se resolva de modo assim tão simples na instância superior do ensino, já que a reprodução deste mecanismo não se extingue na academia, pelo contrário, acaba encontrando tentáculos em diversas faculdades particulares, principalmente.

Diante disso, pode-se inferir que a estrutura educacional brasileira do ensino superior ainda está longe de transformar a realidade social através da leitura, já que a preocupação com o diploma está acima da compreensão inteligível sobre aquilo o que se lê. Necessária é, pois, a implantação de políticas públicas eficazes que incentivem, desde cedo, a prática da leitura nas diversas instâncias do saber, para que os jovens de amanhã não sejam, em hipótese alguma, incluídos no descalabro cenário do analfabetismo funcional de hoje, cuja valorização pelo saber esteja acima da obtenção de certificados e papéis que, por si só, nada significam.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Fique ligado: II Som na Cuca tem datas alteradas

Som na Cuca - NOTA DE ESCLARECIMENTO
Alteração das datas do evento para os dias 1 e 2 de Dezembro de 2010

O CUCA - Circuito Universitário de Cultura e Arte “Mestre Antônio Vieira” - MA, informa a comunidade universitária, aos inscritos no festival II Som na Cuca e demais interessados que o evento não será realizado nos dias 2 e 3 de dezembro como o previsto, em virtude da ocorrência dos shows das bandas “Garota Safada” e “ Revelação”, que irão ocorrer no dia 3 de Dezembro no Centro Histórico, ao lado do Circo Cultural Nelson Brito (Circo da Cidade), impossibilitando assim a realização do festival nas referidas datas.

Tendo em vista esta situação, o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) alterou as datas do evento para os dias 1 e 2 de Dezembro de 2010, sendo na quarta e quinta respectivamente.

INFORMAÇÕES DO FESTIVAL
LOCAL: Circo Cultural Nelson Brito (Circo da Cidade)
DATAS: 1 e 2 de dezembro de 2010
HORÁRIO: 19:00 hrs

INSCRIÇÕES
No DCE, DAC, ou pelo email:somnacuca@gmail.com até o dia 12 de novembro

ATRAÇÕES
Juba de Leão

Beto Enhongue e os canelas pretas

“Da guitarra ao tambor, no meu Mara tem tudo isso !!”

O II Som na Cuca está chegando com intuito de revelar grandes talentos da nossa música, de reforçar a cultura maranhense e relembrar o espírito dos grandes festivais que já passaram por nosso Maranhão. Não perca esta oportunidade, inscrevam-se !!!

HEVELYS SANDES
Secretário de Comunicação do CUCA –MA
9992 6252

PAULO GUSTAVO (TOTTI )
Coordenador Geral do CUCA-MA
8847 3630

Fonte: DAC - Departamento de Assuntos Culturais da UFMA

Abertas inscrições para cursos de Música em São Luís

O Centro de Criações Artísticas (Criart) está com inscrições abertas para os cursos de canto, teclado, violão, guitarra, piano e pintura em tela. As oficinas ocorrem de segunda a sábado, nos turnos matutino, vespertino e noturno, uma ou duas vezes por semana, com uma ou duas horas de duração por aula.

Os cursos têm conteúdo programático e certificado. As aulas ocorrem de forma individual ou em grupo. Os cursos são destinados a crianças, jovens, adultos, idosos e portadores com necessidades especiais.

As vagas são limitadas, e as inscrições podem ser feitas por meio dos telefones (98) 3235-8401 e (98) 9139-1573. O Criart fica na avenida Marechal Castelo Branco, nº 600, Edifício Constantino Castro, Loja 3, bairro São Francisco, em São Luís.

Agora, é só se inscrever e participar.

Prorrogado o prazo de inscrições para o Festival de Poesia da UFMA

Em virtude dos feriados deste início de mês, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio do Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da Pró-Reitoria de Extensão, prorrogou, até 10 de novembro, as inscrições para o 23º Festival Maranhense de Poesia. O festival tem apoio da Fundação Municipal de Cultura (Func), e ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, na Praça Maria Aragão, em São Luís, dentro da programação da 4° Feira do Livro. Cada concorrente poderá inscrever apenas um poema, inédito, com tema livre, não ultrapassando o limite de duas laudas.

A inscrição deverá constar de: preenchimento da ficha de inscrição; três cópias do texto digitadas ou datilografadas; gravação do texto em CD para utilização no Programa da Sessão final; dados biográficos do autor.

As inscrições poderão ser entregues pessoalmente ou enviadas pelos Correios, no DAC, que fica no Palacete Gentil Braga (rua Grande, nº 782, Centro, CEP 65020-250, São Luís/MA). Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (98)3232-3901 e (98) 3231-2887, pelo e-mails dac.adm@ufma.br, ou, ainda, pelo www.festivalguarnice.blogspot.com.

O regulamento pode ser acessado no endereço abaixo:

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Negociar é uma Arte

O que podemos depreender da assertiva "A arte suprema é o negócio. No futuro, toda a gente será famosa durante quinze minutos" é a noção de que o mercantilismo em torno das artes, sub-produto de uma indústria cultural que a tudo engloba dentro da lógica mercadológica, circunscreve o público consumidor na mesma atmosfera. Em outras palavras, se tudo pode ser vendido, obviamente, tudo tende a ser consumido.

Negociar, pois, é uma arte. Expandir os negócios também o é. Nessa lógica, portanto, o produto é o de menos. O conteúdo, idem. O que se eleva sobre o espírito hegeliano das massas é a embalagem e sua função simbólica: a de ostentação, de satisfação do desejo de ter aquilo o que não é essencial, de ir além do primarismo existencial.

No mundo das celebridades, por exemplo, isto é claramente notório. As pessoas (artistas) são vistas não como elas são, mas como aparentam ser, como se apresentam diante do público, vivendo assim às expensas de uma imagem muitas vezes não coadunada com a sua própria realidade. O "consumidor de celebridades", por seu turno, cada vez mais ávido e sedento por "novidades repetidas", pelo novo que já veio, pelo velho com nova roupagem, se retroalimenta desses arquétipos forjados e cunhados sob a égide do "modismo" e das "novas tendências", movimentando assim a roda da fortuna que gira em torno do simulacro, do "virtual concreto" que se impõe como realidade material palpável, porém assimétrica, distorcida, falseável, tornando-se vazia, descartável.

Nessa perspectiva, o cenário musical atual também é uma fonte prenhe de exemplos, repleta de canções e melodias simples e repetitivas, de fácil memorização, cuja abrangência popular é bastante ampla. Curioso observarmos que essa simplicidade musical é produto da mesma indústria cultural fomentadora do esvaziamento dos conteúdos, que acaba assim por revelar o seu caráter de "massa", de supressão das individualidades em detrimento do "gado consumidor", programado única e exclusivamente para o consumo.

Por outro lado, a tendência em voga de "democratização" da arte, por levar a todos a possibilidade de apreciação das manifestações artísticas do homem, acaba também por "dessacralizar" os "grandes artistas" e despertar os "grandes marqueteiros e propagandistas", que antes esculpiam "famosos" ao longo de um determinado tempo, o que nos dias de hoje se dá em escala industrial. Atualmente, qualquer cidadão tem um alto potencial de se tornar uma celebridade instantânea, quer por seu talento ou pela ausência deste, mas muito mais pela presença quase onisciente da figura do "empresário", o responsável por descobrir nos "anônimos" aquilo o que possivelmente caia no "gosto popular" e bombardear os veículos de comunicação com injeções significativas de pecúnia e privilégios, tornando seu "produto" finalmente "conhecido".

O negócio, portanto, caro leitor, é uma arte, a arte da sedução, do fetichismo do produto em relação ao consumidor, de se vender sonhos e ilusões numa escala holística de consumo, de tornar o supérfluo desejável e do essencial algo secundário. Uma arte, porém, abstrata, pois reside numa equação difícil de ser solucionada sem as mãos hábeis do marqueteiro para aparar as arestas e moldar seu produto ("artista") dentro da lógica mercadológica, em consonância com toda a rede comunicacional necessária para vestir seu produto e deixá-lo no ponto de ser apreciado, vislumbrado, cobiçado, num mundo onde a beleza da embalagem suplanta a necessidade e o interesse pelo conteúdo.

E nisso o "artista" se "coisifica" e se secundariza. O verdadeiro artista, o arquiteto propagandístico, o marqueteiro comunicacional, o alfaiate socioeconômico se esconde atrás do que se apresenta, numa relação metonímica de criatura/criador, esperando a esteira mecânica trazer o próximo produto para o processo de empacotamento, enquanto durar a vida útil do anterior, que não passa de quinze minutos, talhado com o único objetivo de manter a roda da fortuna girando sem parar.

Hugo Freitas
Historiador e Sociólogo