domingo, 22 de maio de 2011

ANTONIO ALMEIDA, O INÇO DAS ARTES NO MARANHÃO

Antonio Almeida e sua neta, Alice Nascimento

Inestimáveis leitores, trazemos para vossa apreciação uma belíssima homenagem a um grande artista plástico maranhense, Antonio Almeida, que por descaso das autoridades ainda não é muito conhecido do grande público, mas tem sua obra espalhada em diversos lugares de São Luís.

Alice Nascimento, sua neta (na foto acima), transplanta para as palavras todo o seu sentimento por este nobre artista, brindando-nos com um belíssimo texto, o que demonstra que a paixão pela arte é um dos grandes legados de seu avô, pulsando e se ramificando através desta verdadeira poetisa.

Leiam e se emocionem!


Como planta daninha que se agarra despretensiosamente ao solo modificando a paisagem natural saiu do Jacaré, em Barra do Corda, desbravando caminhos até alcançar São Luís, onde denunciou sua vida e a de milhares de famílias do interior do Maranhão sem deixar escapar o amarelo que queimava o verde e secava o azul, o colorido da cultura e a palidez do sofrimento que lavrava a terra árida de fome e seca por onde passava.

Do chão infecundo, fez brotar arte. Nunca aceitou sair de sua terra para viver uma cultura solitária avessa a sua natureza de homem simples. Suas mãos colhiam da natureza inspiração como raízes que buscam no âmago da terra os nutrientes necessários à sobrevivência. Indiferente ao dinheiro, o enriquecimento que desejava era intelectual e artístico, trabalhava pelo valor que a arte tinha pra si mesmo: a busca pela perfeição, no entanto, com ela pagava o leite e a boemia: nutria seus dez filhos, e quando dava, rematava a conta do bar.

Sobrevivente da seca castigado pelo sol, a escuridão tomou conta de seus dias. As madrugadas, companheiras de insônia, ouviam-no em silêncio, enquanto travava discussões com seus próprios pensamentos. No dia seguinte... prosas e poesias com o cheiro de terra através do olhar de um menino autodidata de nascença que crescera sob instrução de seus instintos, mas, sobretudo, de um artista nervoso que desafiou até a cegueira tateando pensamentos e redesenhando palavras, sementes essas lançadas no chão fértil de suas limitações criativas, esse era o Almeida: uma raiz amarga difícil de ser tragada, mas que se ramificava.

Aos 27 de maio deste ano completaria 89 anos, se não tivesse sido desentranhado da terra em Janeiro de 2009, a facão! Sua sede de viver era tamanha que teimou com a vida agarrando-se a cada sopro dos ventos até o silêncio pintar o leito de paz. Hoje, suas estirpes ainda permanecem entranhadas na terra que amou, ilustrou, pintou, xilografou... verdadeiras barrigudeiras espalhadas pela cidade, murais que deveriam ser tombados pelo valor histórico e cultural, testemunhas sol a sol do caminhar de um homem franzino e inquieto que germinou arte no Maranhão.

Alice Almeida Nascimento dos Reis

Quase Epitáfio
No meio do caminho que caminho
a cova
Em que me planto regermino sonho
Que é vida sempre sol a sol a caminhar

Antônio Almeida
(1922-2009)

5 comentários:

  1. Caro Hugo Freitas,

    Emociono-me com tua divulgação e a sensibilidade de tuas palavras! As obras do meu avô, Antônio Almeida, compõem um verdadeiro museu a céu aberto e que merecem atenção do poder público, sobretudo da logomarca da CAEMA, a rã que purifica nossa água e reforça que modernidade não pode ser sinônimo de destituição da nossa identidade cultural!

    A família agradece teu apoio!

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  2. Eu é que fico feliz em poder contribuir para manter viva a memória desse grande artista plástico maranhense, querida Alice.

    Pode contar comigo para o dia 27/05. Mande-me o texto com antecedência.

    Grato pelas palavras. Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  3. Olá jovem poeta!!

    Obrigado p apoio e sensibilidade. Meu pai, se vivo fosse, e o conhecesse, celebraria junto a vc.... a VIDA, A LIBERDADE, E O AMOR!!!!
    Essa era a alma genuina do velho e sábio Almeida!!!

    "ALMEIDA, se parece com a arte que faz,ela é genuinamente e pura como o povo do sertao" (auto-definicao do artista)

    ARTE DE ALMEIDA, NAO PODE MORRER!!!

    Obrigada!
    Holandia Almeida

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  4. Holandia, para mim é uma enorme satisfação prestar esta singela homenagem a este grandioso artista maranhense, cuja obra merece e deve ser difundida, assim como o seu nome.

    Felicidade semelhante é poder estabelecer este canal de diálogo entre vida e obra do artista Antonio Almeida e os seus familiares e compartilhar isso com os inúmeros leitores deste espaço, estimulando assim a aproximação entre o artista e o público.

    Obrigado a vocês, familiares de Antonio Almeida, pela confiança, credibilidade e amizade. E contem comigo para o dia 27/05.

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  5. Meu avô unico e imortal ! não vamos parar de lutar assim, porque o sangue almeida ainda prevalece em nossos sangue e o nosso sangue e o meu avô Antonio Almeida!!
    deste ja agradeço.
    abraço junior almeida (neto)

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Grato pela participação.