segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

TENTE OUTRA VEZ: Presidiários maranhenses foram aprovados no ENEM


Sete internos do sistema penitenciário do Maranhão passaram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Três homens e quatro mulheres estão entre os aprovados para cursar o ensino superior. A informação é da coordenadoria geral de educação do sistema prisional do Maranhão, unidade da Secretaria de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap).

Dentre os presos aprovados no curso superior estão três homens da Penitenciária de Pedrinhas e quatro mulheres, com média de idade entre 20 e 50 anos. Conforme o coordenador geral de educação do sistema prisional, João Lelis Matos, todos os sete internos estão em regime semi-aberto. “A penitenciária se responsabilizará em deixá-los e buscá-los na instituição de ensino. Eles estudarão e trabalharão durante o dia e voltarão à noite”, contou João.

Os cursos superiores mais desejados pelos internos estão o de administração, serviço social e enfermagem. Mário José Sato, de 44 anos, foi um dos aprovados. Ele contou que vai cursar administração de empresas e que esse sempre foi um dos seus maiores sonhos. “Eu agradeço a Deus por essa oportunidade que ele está me dando de poder concretizar um dos meus sonhos. Poder cursar o ensino superior, ainda mais nessa situação que nos encontramos, é um privilégio”, contou Sato.

O interno contou ainda que a faculdade é uma forma de ele dar a volta por cima. “Isso me dignifica muito. Estou me sentindo muito bem. Acredito que a sociedade vai nos olhar de outra forma”, comentou Mário.

Outro interno que passou no Enem foi Rogério Cesar Bezerra Magalhães, de 54 anos. O interno, que vai cursar geografia, revelou que ficou bastante emocionado quando soube que era um dos aprovados. “Na verdade, eu fiquei sem palavras pela tamanha alegria e satisfação de ter sido um dos aprovados. Isso é uma prova de que mesmo presos nós podemos vencer todo tipo de obstáculos”, declarou.

Das quatro aprovadas, duas acreditam na possibilidade de cursarem enfermagem. Uma dessas que sonham com o curso superior de enfermagem é Elaine Cristina Gonçalves Lima, de 27 anos, presa há quase três anos. Ela disse que ficou bastante aliviada ao saber que é uma das internas aprovadas. “Eu estava ansiosa para saber o resultado, agora estou bem mais calma. Nós nem tivemos muito tempo para estudar e conseguimos passar, se estudássemos mais tempo teríamos passado em primeiro lugar”, brincou ela.

Elaine contou ainda que a mãe dela é quem mais quer a filha no ensino superior. “Quando eu disse que tinha feito o ENEM mamãe ficou bastante feliz. O sonho dela é me ver em uma faculdade”, afirmou a jovem. A interna disse também que, como já trabalhou como auxiliar de enfermagem antes de ser presa, se identifica muito com a área. “Acho que tenho vocação para ser enfermeira. Já trabalhei na área e gostei muito”, revelou Elaine, que também foi funcionária pública.

Claudemary Costa Cordeiro, de 28 anos, é outra interna que sonhava em um dia fazer o curso superior de enfermagem. Presa há quase dois anos, ela não esconde a alegria de saber que vai por os pés em uma faculdade. “Quando eu soube fiquei feliz. Acho que a faculdade é um passo importante na vida e eu quero dar esse passo”, declarou Cordeiro.

Mãe de quatro crianças – sendo o mais velho de 14 anos - Claudemary se preocupa com a imagem que vai passar dela para os filhos. De acordo com ela, não é o fato de estar presa que lhe impede de dar um bom exemplo. “Eu mudei muito. Hoje eu sou mais madura. Meus filhos olhando o meu esforço aqui, querendo entrar na faculdade, é um bom exemplo que eu estou dando”, afirmou a interna.

Já Núbia Lopes da Silva, de 28 anos, sonha em fazer o curso de administração. Ela contou que pretende mostrar para a sociedade que dentro do sistema carcerário existem pessoas com potencial. “As pessoas que estão aqui sonham com um futuro melhor. Nós temos capacidade para fazer coisas que muitos acham que aqui não tem pessoas capazes de fazer”, falou a jovem.

Preparação

Para se prepararem, os presos tiveram aulas ministradas por professores da própria unidade. As aulas aconteciam no mesmo local onde ocorreu a prova: na escola João Sobreira de Lima, que fica dentro da penitenciária de Pedrinhas.

Conforme João Lelis, apesar do pouco tempo que os candidatos tiveram para se prepararem, o resultado foi bastante satisfatório. “Esse número foi o melhor já alcançado pela equipe de educação do sistema prisional, queremos evoluir cada vez mais”, ressaltou o coordenador.

Os internos tiveram aulas de química, matemática, geografia, português e outras matérias. Lelis informou que a SEJAP tem dado todo apoio para uma melhor estrutura educacional dentro das unidades prisionais. “O apoio da SEJAP tem sido fundamental para o nosso trabalho”, disse.

Fonte: Jornal Pequeno
Editado por: Hugo Freitas

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