sábado, 21 de abril de 2012

PROBLEMAS NO MOA: ATRASOS, CANCELAMENTOS E FALTA DE INFRA-ESTRUTURA MANCHAM O EVENTO


O início do Festival de Rock Metal Open Air (MOA), nesta sexta (20), no Parque Independência, em São Luís, foi marcado por uma sequência de graves problemas na organização e estrutura.

Os maus sinais começaram já na quinta-feira (19), com o anúncio do cancelamento de 3 shows, incluindo o do grupo inglês Venom, principal atração do domingo (22).

Marcado para começar às 10h da manhã desta sexta (20), quando tocaria a banda baiana Headhunter DC, o MOA só viu seu primeiro show às 15h, horário em que entraram os canadenses do Exciter – todas as atrações anteriores foram canceladas ou remanejadas para os próximos dias.

Parte da estrutura passou o dia desmontada, e um dos palcos prometidos simplesmente não funcionou.

Não havia caixas eletrônicos, garantidos pelo material de divulgação, e a praça de alimentação se resumia a poucas vendas em que faltava até água.

Caminhões de abastecimento circulavam livres pela área do evento, oferecendo risco para quem passava.

Ao longo do dia, mais cancelamentos vieram. A banda inglesa Saxon oficializou a desistência por meio de seu site oficial. Motivo: não recebeu o cachê combinado em contrato.

Segundo os dois principais organizadores do Metal Open Air, Felipe Negri e Natanael Jr., a falta de verba e um corte no abastecimento de energia elétrica na região foram os principais fatores que desencadearam os problemas do festival.

Com isso, o público sofreu. O gaúcho Lucas Glimm, de 32 anos, viajou até São Luís com a promessa de que poderia encontrar com o americano Gene Simmons, membro da Rock’n’Roll Allstars, na área do camarote. A regalia foi garantida pela organização àqueles que comprassem o pacote especial.

Nenhuma banda deu as caras no camarote, e a mulher de Simmons também anunciou o cancelamento de sua vinda ao Brasil.

“Gastei um dinheiro que nem tinha para fazer uma tatuagem em homenagem ao meu ídolo, viajar até São Luís e pagar o camarote”, disse o gaúcho com lágrimas nos olhos.

O casal Luana Cardoso e Thyerre Dias também pagou pelo camarote e não ficou satisfeito. Cada um desembolsou cerca de R$ 1 mil, mais o valor da conveniência de pouco menos de R$ 350, para assistir às suas bandas favoritas de perto e com mais conforto. O que encontraram, no entanto, foram geladeiras vazias e nenhum músico circulando por ali.

Quem passou a noite no camping montado na área do festival também teve muito do que reclamar. Durante a tarde, houve inspeção da Vigilância Sanitária e de representantes do Procon, por conta de barracas que foram montadas dentro de estábulos do Parque Independência, que também recebe uma exposição agropecuária.

Quem estava abrigado nesses espaços dormiu sobre terra e grama misturadas a esterco de cavalos. O supervisor do Procon no local, Bruno Leal, disse que nenhuma providência será tomada antes de segunda-feira, depois do fim do evento, quando serão apuradas as reclamações de propaganda enganosa.

Além dos problemas de organização registrados no primeiro dia do Metal Open Air, várias pessoas ainda tiveram que lidar com furtos de carteiras, celulares, câmeras fotográficas e documentos. O baiano Rogério Melo, o mineiro Gustavo Santos e o carioca Vinicius Pereira, que tiveram seus pertences furtados, disseram que viram várias pessoas sem identificação infiltradas no meio da multidão.

O momento mais crítico foi durante o show da banda Destruction. "Quando terminou o show e a multidão se dispersou, tinham várias carteiras vazias jogadas no chão", contou Rogério. Eles contaram também que, após perceberem os furtos, tentaram falar com os seguranças, mas estes disseram que o problema deveria ser resolvido com os policiais.

Quando encontraram uma viatura da polícia, os policiais informaram que não poderiam fazer nada, e que cuidavam apenas da segurança externa. Um dos seguranças do evento, que não quis se identificar, informou que eles foram instruídos a fazer apenas a segurança próxima ao palco, voltada para os artistas e para evitar brigas na platéia". Deveria ter um lugar aqui para serem registrados boletins de ocorrência, mas não tem", completou o segurança.

Alguns dos acampados relataram que viram pessoas pulando o muro do alojamento, onde ficam as barracas, e que estão com medo de deixarem os seus pertences no local. "Não tem policiamento, não tem segurança e não tem como fazer um boletim de ocorrência", disse Vinícius.

O responsável pelo setor de marketing e caravanas do festival, Yuri Amorim, foi encontrado na saída do Parque Independência pela equipe de reportagem do portal G1 Maranhão. Quando abordado para prestar ajuda às vítimas, o organizador disse não ser responsável pelo acontecido e mandou os jovens procurarem outra pessoa da produção para auxiliá-los. Yuri Amorim chegou ainda a insinuar que a culpa dos furtos teria sido dos rapazes, por não estarem atentos a seus pertences. "Você também deu mole, né?", ironizou.

Ministério Público e Procon

A promotora do consumidor, Lítia Cavalcante, esteve na manhã deste sábado (21) no Parque Independência, acompanhada do gerente do Procon, Kléber Moreira. Eles vistoriaram a área de camping do festival e ouviram as queixas dos acampados.

Segundo a promotora, os tópicos mais importantes da fiscalização foram registrados para materializar uma denúncia e fundamentar uma possível ação judicial. "O que mais chamou atenção foi a área de camping, onde as pessoas estão acampadas em baias para cavalos, o alto número de furtos e as vítimas, que estão sem condições de se alimentar", frisou.

Questionado sobre a propaganda do festival na internet estar em desacordo com o que realmente é oferecido no festival, o gerente do Procon, Kléber Moreira, exclamou "isso é propaganda enganosa, é prática abusiva".

Hugo Freitas

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