terça-feira, 8 de outubro de 2013

AS IMPLICAÇÕES POLÍTICAS DA ALIANÇA MARINA/EDUARDO PARA 2014



Caiu como uma “bomba” na cabeça de muitos analistas e agentes políticos a filiação da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, Marina Silva, ao partido do governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB).

A "hecatombe" face à decisão de Marina de ingressar nas fileiras do Partido Socialista Brasileiro se justifica principalmente pelo fato da ex-senadora ter maior densidade eleitoral do que Campos, presidente nacional da legenda.

Marina aparece em segundo lugar em todas as pesquisas eleitorais, contabilizando 16% das intenções de voto, segundo último levantamento feito pelo Ibope (confira aqui).

Em 2010, Marina ficou em terceiro lugar nas eleições para presidente da República, obtendo aproximadamente cerca de 20 milhões de votos, números que catapultaram a ex-ministra ao patamar de uma das principais figuras políticas da atualidade, com pedigree capaz de “destronar” o governo petista-peemedebista de Dilma Rousseff.

Marina Silva e Eduardo Campos: ainda não está acordado quem será o vice de quem

Por sua vez, Eduardo Campos aparece com pífios 4% das intenções de votos, segundo o mesmo levantamento do Ibope. O fato de ter sido reeleito ao governo de Pernambuco com mais de 90% do eleitorado local não foi suficiente para torná-lo uma expressiva liderança política no Nordeste, região que contabilizou o maior percentual de votação para Dilma em 2010.

A ida de Marina para o PSB de Campos atende, portanto, a dois propósitos bastante nítidos: primeiro, coloca definitivamente a ex-senadora na disputa eleitoral do ano que vem, que corria o risco de ficar de fora por conta do não registro de seu partido, o “Rede Sustentabilidade”, junto ao TSE; segundo, oferece maior densidade eleitoral tanto para Marina quanto para Eduardo, que deverão decidir ainda quem será o vice de quem.

Apesar de muitos darem como certa a posição de vice de Marina na chapa socialista, demasiadamente apressado por sinal, não está descartada uma inversão de papéis. Tudo vai depender do desempenho de Campos nas pesquisas e do desenrolar de sua campanha pelo país.

Fim da polarização PT x PSDB ???

Certo mesmo é que, independente de quem seja o vice de quem, a aliança Marina/Eduardo pulveriza a constante polarização PT x PSDB nas disputas presidenciáveis, abrindo espaço para uma pretensa “terceira via” alternativa ao "petismo" de Lula e Dilma e ao "tucanismo" de Fernando Henrique e Aécio Neves.

Aécio Neves (PSDB) pode ter tido suas chances de chegar ao segundo turno ainda mais reduzidas diante da aliança Marina/Eduardo

Ao mesmo tempo, tal conjunção de forças em torno do PSB, que vive uma verdadeira "coqueluche" em todo o país, torna bastante incerta uma vitória de Dilma no primeiro turno. Aqueles que acreditavam que as candidaturas próprias de Marina, Eduardo e Aécio, separadas entre si, poderiam funcionar como uma flecha no coração da aliança PT/PMDB viram suas certezas sólidas se desmancharem no ar.

Afinal, somando-se o capital político de Marina ao de Eduardo tem-se uma resultante de maior densidade eleitoral da chapa socialista para fazer frente à candidatura de Dilma e para se minimizar, consideravelmente, as chances de vitória do tucano mineiro.

Aliás, a tendência é cada vez maior do PSDB subsumir diante da conjuntura política nacional, já que o “futuro” da oposição ao governo Lula/Dilma advirá de sua própria estratégia de alianças partidárias, pois ao se nutrir das forças coligadas em torno de seu projeto político-econômico, o petismo tende a insuflá-las, oxigená-las, e, mesmo, fortalecê-las, a ponto da criatura voltar-se contra o criador.

Fato este que não ocorre no ninho tucano, onde as divergências entre os principais caciques do partido (FHC, José Serra, Geraldo Alckmim e Aécio Neves) tende a enfraquecê-lo ainda mais, já que a sigla não está na base aliada do governo Dilma, fazendo-lhe oposição na esfera federal.


Contudo, é sabido que o processo de “transferência” de votos de Marina para Eduardo ou vice-versa não ocorrerá de forma automática. É necessário muito trabalho de mobilização junto às bases eleitorais, de disseminação midiática e, principalmente, de discussão dos modelos e propostas de gestão presidencial. Uma vez que tanto Marina quanto Eduardo se fortaleceram dentro do governo petista, através dos cargos e postos que lá ocuparam, é sintomático que haja uma dupla face propositiva em seus programas de governo: de “aperfeiçoamento” ou de "ruptura" com o modelo assistencialista vigente, principal responsável pela reeleição de Lula e pela assunção de Dilma.

Por isso, apesar de escassas, as chances do tucano Aécio figurar no segundo turno ainda existem, posto que o presidenciável mineiro apresenta em sua propaganda partidária aquilo o que deverá ser o mote de sua campanha eleitoral no ano que vem: a crítica às políticas assistencialistas do governo Dilma e ao fortalecimento da presença do Estado na economia, em detrimento de um plano de desenvolvimento socioeconômico autossustentável calcado no incentivo aos pequenos produtores rurais e aos microempreendedores, principal proposta econômica do modelo neo-liberal defendido pelo PSDB de Aécio Neves.

Em que pese tais conjecturas, a dupla Marina Silva e Eduardo Campos se apresenta, também, como um elemento complexificador nas disputas estaduais, onde se vê uma profusão de possibilidades de alianças dos mais diversos tipos e gêneros, como é o caso emblemático do Maranhão.

Mas isso é assunto para um próximo post, visto que o presente texto finda aqui. 

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