quinta-feira, 10 de abril de 2014

O RECRUDESCIMENTO DA DISPUTA PARTIDÁRIA PELA VAGA DE VICE NA CHAPA DE FLÁVIO DINO


Por Hugo Freitas

Como era esperado, causou muita efervescência no cenário político maranhense a divulgação da carta em conjunto elaborada pelos dirigentes do PSDB e PPS na qual pressionam o PCdoB a "rediscutir" a composição da chapa majoritária de Flávio Dino.

Tucanos e popular-socialistas querem aproveitar a crise instalada no grupo governista por conta do "fico" da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do "saio" do ex-secretário de Infra-estrutura, Luís Fernando (PMDB), e compor com a chapa comunista, a maior beneficiada com o desmoronamento da até então aparente coesão dos caciques governistas (entenda aqui).

Na carta comunal, PPS e PSDB defendem abertamente a "unidade das oposições", alertando para a "urgente necessidade de realinhamento" que passa pela "rediscussão da chapa majoritária do candidato da oposição".

Contudo, os dirigentes das duas siglas que ainda buscam reforçar seus específicos projetos eleitorais salientaram uma importante ressalva ao final da "carta-bomba", interpretada como um "ultimato" ao comando da campanha eleitoral de Flávio Dino:

"Caso não sejam criadas as condições objetivas que viabilizem essa aliança, PPS e PSDB lançarão projeto próprio fundamentado em um programa de governo que promova desenvolvimento com sustentabilidade e a inclusão social de milhares de maranhenses" (confira a íntegra da carta do PPS/PSDB aqui).

Declarações de Márcio Jerry devem aumentar a disputa pela vaga de vice na chapa comunista

O efeito foi imediato. O presidente estadual do PCdoB, jornalista Márcio Jerry, declarou em seu perfil no twitter que irá se reunir nesta quinta-feira (10) com os dirigentes das duas siglas ainda não alinhadas: “Liguei ainda ontem à noite para a presidente do PPS, Eliziane Gama, e do PSDB, Carlos Brandão, para marcar reunião e dialogar sobre a carta".

No calor do otimismo manifestado pelo dirigente comunista com a divulgação do texto do "Bloco PPS/PSDB", Jerry afirmou que são inamovíveis as candidaturas de Flávio ao Governo e Roberto Rocha (PSB) ao Senado, deixando claro que apenas a vaga de vice ainda está em aberto:

"Na construção da unidade oposicionista definimos as pré-candidaturas de Flávio Dino ao governo e Roberto Rocha ao senado. Avançaremos democraticamente para definir vice e suplências ao senado, bem como composições proporcionais", declarou Jerry.

A afirmação do dirigente da foice e do martelo no Maranhão deve provocar novas reações no consórcio oposicionista dinista, vez que o PDT indicou o empresário do agronegócio Márcio Honaiser para vice de Flávio debaixo de um conturbado processo de "escolha", escancarando de vez as vísceras da crise na sigla trabalhista (leia aqui).

A "indicação" de Honaiser para vice foi conduzida diretamente pelo secretário-geral da legenda, deputado federal Weverton Rocha, que pode romper com o bloco dinista e lançar uma candidatura própria ao Governo (provavelmente com Hilton Gonçalo, ex-prefeito de Santa Rita), caso os comunistas maranhenses não cumpram o acordo firmado entre os "companheiros" desde 2012.

Por sua vez, ao pressionarem sobre a "rediscussão da chapa majoritária do candidato da oposição" sob ameaça de candidatura própria, PPS e PSDB almejam irrefreavelmente as vagas de vice e de senador, provavelmente para Eliziane Gama e João Castelo, respectivamente. Sede esta que não será saciada apenas com "suplências", principalmente para um partido do tamanho do PSDB maranhense.

Do seu turno, depois de todas as "discussões" literalmente travadas dentro do consórcio oposicionista, Roberto Rocha e o PSB não vão aceitar abrir mão do Senado em hipótese alguma, o que pode, a priori, direcionar o olhar de tucanos e popular-socialistas para as eleições proporcionais, na busca pelas garantias de reeleição dos mandatos de Pinto Itamaraty e Carlos Brandão (deputados federais), Neto Evangelista e Gardênia Castelo (deputados estaduais) e de lançamento das candidaturas de Eliziane Gama e João Castelo para deputado federal, o que diminuiria o ímpeto do PPS e do PSDB pelas vagas de vice e de senador.

Isso sem contar com o assédio incessante do PCdoB sobre o PT local depois do "saio" de Luís Fernando e do "cheguei" de Edinho Lobão, visando a uma (im)provável ruptura entre petistas e peemedebistas (já que a nível nacional contraria os interesses do "projeto maior" que é a reeleição de Dilma Rousseff), o que potencializaria ainda mais a candidatura de Flávio Dino, por um lado, e recrudesceria a concorrência pela vaga de vice (e até mesmo pela vaga de senador) na chapa comunista, por outro.

Há de haver uma boa engenharia política para colocar tantos "caciques" e interesses debaixo do mesmo guarda-chuva, sob pena de, mais uma vez, o sonho repetido das "Oposições Coligadas" naufragar no cais.

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