Dilma conta com o apoio de "peso" de Chico Buarque para conquistar o voto do eleitorado tucano
Por
Hugo Freitas
Depois
de ser "provocado" por amig@s a escrever sobre a presença de artistas
nas eleições presidenciais deste ano, uma vez que também exerço, nas horas
vagas, o "ofício" de cantor e compositor, e levando em consideração o
grau de repercussão que vem tendo a presença de Chico Buarque na campanha televisiva de
Dilma Rousseff (PT), decidi escrever este artigo muito mais por desencargo de
consciência do que pela "pressão" das pessoas mais próximas a mim.
Creio
ser interessante analisar a presença do "mestre" Chico Buarque na
propaganda eleitoral de Dilma sob o ponto de vista do que está em jogo.
Não é, como dizem muitos amigos jornalistas e assessores, "uma perda de tempo e de dinheiro" da candidata à reeleição, já que se especula que "os Buarque" tenham sido favorecidos financeiramente pela petista via Lei Rouanet, de incentivo à Cultura.
Ressalvada tal possibilidade, a presença de Chico na campanha de Dilma trata-se de uma bem arquitetada estratégia
de "contra-ofensiva" à campanha do tucano Aécio Neves (PSDB).
Ao
focar na imagem de Chico Buarque, Dilma e o PT não miram na "massa
pobre" da população, como muitos afirmam, mas sim no inverso: visam atingir
a "classe média alta" e "classe alta" que, geralmente e em tese, "tendem" a
votar nos candidatos da "direita", levando-se em consideração as
eleições pós-ditadura militar realizadas até aqui, cuja polarização deu-se, como agora, entre PT e PSDB.
Afinal,
o público que consome Chico Buarque no Brasil não faz parte do
"povão". Vale dizer que Chico não é um artista massificado, como as
duplas sertanejas, mas muito mais "elitizado", enquanto produto
cultural que certifica a distinção social para os ocupantes das classes A e B,
principalmente.
Como é
sabido, a maior parte da população que integra as classes de
renda mais baixa (E e D) é a mesma que vota em Dilma tanto pelos
programas sociais quanto pela identificação ideológica midiática com um "governo que pensa nos pobres". Nesse sentido, Chico
Buarque na propaganda de Dilma não é para o convencimento deste público, mas sim para as
"elites" e "aristocratas", que tendem a votar em Aécio.
Já Aécio aposta na "popularidade" de artistas massificados para tentar conquistar o eleitorado que teoricamente vota em Dilma
Por seu
turno, o tucano mineiro investiu pesado na contratação de artistas renomados e
de alcance popular maior que Buarque, como Zezé di Camargo e sua filha, Wanessa Camargo,
Chitãozinho & Xororó, Leonardo, entre muitos outros. Fico nos exemplos dos
artistas sertanejos - para não citar os "globais", sabidamente pró-tucanos de longa data - por serem eles os responsáveis por movimentar o maior
mercado da indústria cultural e fonográfica no Brasil, cujas cifras giram em
torno de BILHÕES de reais.
Ou
seja, ao mesmo tempo em que Dilma busca conquistar o voto do eleitorado
"elitista" de Aécio, o tucano age para trazer para si os votos das
classes "populares" que votam na reeleição da presidente. Cada um, a
seu modo, tecendo estratégias que buscam desequilibrar a balança que aponta
empate técnico entre os presidenciáveis neste segundo turno.
Quem
sairá melhor nessa peleja? Só as urnas poderão dizer. O que se pode adiantar é que tanto o "elitismo" do público de Buarque
quanto a "popularidade" dos sertanejos são alvo de disputas por
aqueles que apostam na conquista do voto supostamente "do outro" para
pender a balança eleitoral para si, haja vista que o grande número de
abstenções confirmadas no primeiro turno (mais de 20% dos eleitores aptos não votaram) poderá se consolidar novamente nesta segunda visita obrigatória às urnas em
todo o país. Conquistar estes indecisos, e de quebra conquistar votos do adversário, é a fórmula perseguida!
Resta saber se os respectivos públicos dos artistas supracitados, "elitistas e populares", traduzirão em votos os investimentos realizados pelos candidatos e seus partidos, que demonstram acreditar que gostar e acompanhar o trabalho de um artista é também dizer "amém" para suas preferências políticas altamente interesseiras.
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