Por Hugo Freitas
Apesar de ter dito exaustivamente
durante a campanha eleitoral e ter reforçado durante a solenidade de posse que
este seria "o fim dos privilégios" no Maranhão, o governador Flávio
Dino (PCdoB) demonstra, a cada nova nomeação, que tudo não passou de favas
contadas para "militontos" e a imprensa alinhada sorrirem.
Até então gozando de uma impressionante
penetração e exposição nos veículos midiáticos, inclusive do Sul/Sudeste, Dino
deve ter ficado estarrecido com a divulgação de uma matéria no jornal Folha de
S.Paulo onde estão expostas, para todo mundo ver, as contradições de seu
governo no tocante à nomeação de assessores.
A tucana Folha que hoje
"ataca" o governador comunista do Maranhão é o mesmo veículo que, até
bem pouco tempo atrás, tecia extravagantes loas à figura de Flávio, sendo
inclusive o carro-chefe que pautava a imprensa nacional (impressa e televisiva)
de onde partia o interesse de outros canais de comunicação em ver Dino
estampado em suas câmeras e manchetes quase que diariamente, após o resultado
das eleições de 2014.
Alguns agentes dos bastidores da
política local já cogitam a hipótese de que uma volumosa verba
publicitária, a mesma que supostamente vem oxigenando o sonho e a imagem de Dino junto à imprensa
nacional de disputar a Presidência da República daqui a quatro anos, não tenha
chegado aos cofres da Folha, o que teria motivado esse eventual (?) "fogo
amigo".
Se tal especulação possui base concreta
ou não, só o tempo dirá. De concreto mesmo, apenas a matéria de uma corajosa
Folha de S.Paulo que ao expor as vísceras do "governo da mudança",
repleto de parentes, sócios e apaniguados - prática política histórica tão criticada por Dino na "era Sarney", mas que parece que irá se perpetuar no período "pós-Sarney" (ou será "era Dino"?), - demonstra não apenas temer uma provável
"retaliação" dos comunas, como também parece ser useira e vezeira da
"Tática Chatô", a mesma também denunciada e criticada veementemente por Flávio, mas que, nesse caso, tende a surtir efeitos positivos.
Pelo menos, para
os donos do jornal paulista, sob pena do governador do Maranhão começar a assistir o naufrágio de sua (im)provável "marcha" ao Palácio do Planalto.
Flávio Dino faz uso das mesmas práticas políticas que tanto criticou durante a "era Sarney"
Fique com a matéria da Folha de S.Paulo:
Dino nomeia parentes de aliados no Maranhão
Principal adversário da família Sarney
no Maranhão, o governador do Estado, Flávio Dino (PC do B), abriga em postos
importantes parentes, namorada e até sócio de aliados.
A prática não configura nepotismo, já
que os nomeados não atuam nos mesmos órgãos que os auxiliares aos quais são
ligados. Mesmo assim, vem rendendo críticas a Dino, que condenava o nepotismo
no governo dos Sarney.
O secretário de Articulação Política, Márcio
Jerry, tem a namorada chefiando o gabinete do governador e a irmã dela como
número dois da pasta de Esporte e Lazer.
A professora Joslene da Silva
Rodrigues, namorada de Jerry, é dirigente do PC do B e próxima de Dino. Atuou
na coordenação das campanhas e em seu gabinete quando ele foi deputado federal.
A irmã dela, Joslea, foi nomeada
secretária-adjunta de Esporte. Ex-judoca, chefiou o departamento do idoso da
pasta entre 2009 e 2013, no governo Roseana Sarney (PMDB), e atuou no
Ministério do Esporte, comandado até 2014 pelo PC do B.
Na Secretaria de Representação
Institucional do Maranhão no DF, a adjunta carrega um sobrenome conhecido: Liz
Ângela Gonçalves de Melo é irmã do presidente do instituto de terras do Estado.
Ana Karla Silvestre Fernandes, mulher
do ex-governador e futuro secretário de Minas e Energia, José Reinaldo Tavares,
foi nomeada corregedora-geral do Estado.
Outro parente nomeado, o advogado César
Pires Filho, assessor jurídico do Instituto de Metrologia e Qualidade Industrial
do Maranhão, tem sangue oposicionista. Seu pai, o deputado estadual César Pires
(DEM), foi líder do governo Roseana na Assembleia.
A presença de familiares no governo era
uma das principais críticas da oposição nos anos de predomínio do grupo de
Sarney. Um dos exemplos mais conhecidos era Ricardo Murad, cunhado de Roseana,
que comandou a Secretaria da Saúde até o 2014.
Além de parentes, a gestão Dino terá o
antigo sócio de um secretário justamente na pasta de Transparência e Controle,
uma das principais promessas de sua campanha.
O titular, Rodrigo Lago, nomeou como
chefe da assessoria especial Marcos Canário Caminha, com quem dividia um
escritório de advocacia.
Embora o governo defenda as nomeações
(leia texto abaixo), um de seus auxiliares admite “incômodo político”.
“Do ponto de vista jurídico, é evidente
que não caracteriza nepotismo. Sob o ponto de vista político, não deixa de ser
um certo incômodo, porque afinal de contas a gente vinha se debatendo com o
grupo Sarney”, afirma o futuro secretário de Representação Institucional no DF,
Domingos Dutra.
OUTRO LADO
O governo do Maranhão disse seguir
“rigorosamente” a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal que trata de
nepotismo –para o STF, não podem ser nomeados parentes de autoridades ou
gestores em um mesmo órgão.
A gestão ressaltou que nenhum nomeado
tem parentesco com Flávio Dino.
Afirmou ainda que Joslene Rodrigues,
Joslea Rodrigues e Ana Karla Fernandes são funcionárias públicas de carreira e
que, assim como César Pires Filho e Liz Ângela Gonçalves de Melo, foram
nomeadas por suas aptidões.
Sobre o secretário Rodrigo Lago e
Marcos Canário Caminha, diz que eles encerraram a empresa que tinham para
entrar na administração.
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