Em coletiva de imprensa, Luís Fernando defendeu-se "atacando" o MP
Por Hugo Freitas
Poucas vezes se viu nos últimos anos um
confronto político-midiático, de forma tão veemente, entre uma figura política de proa e
um órgão de controle e fiscalizador das contas públicas no Maranhão, como foi o
"debate" via imprensa entre o ex-prefeito de São José de Ribamar,
Luís Fernando Silva (PMDB), e o Ministério Público estadual.
A peleja entre o MP e Fernando,
iniciada na última segunda-feira (23), ganhou mais um capítulo nesta
sexta-feira (27). Por meio de Nota de Esclarecimento, o MP rechaçou as declarações
do peemedebista, que havia acusado o órgão fiscalizador de estar movendo uma
"ação política" contra sua pessoa ao pedir a indisponibilidade de
seus bens por conta de convênio irregular firmado na gestão de Luís Fernando em
Ribamar, no valor de R$ 5 milhões.
Segundo o Ministério Público, a ação
contra Fernando foi baseada em diversas provas, a exemplo da auditoria do
Tribunal de Contas do Estado (TCE), que detectou 21 irregularidades na
realização de serviços de pavimentação, drenagem e urbanização, através de
convênio firmado entre a Prefeitura de São José de Ribamar e a Secretaria de
Estado de Infraestrutura (Sinfra), durante o governo Roseana Sarney (PMDB).
Na Nota, o MP é enfático ao declarar
que "repudia as afirmações de que estaria agindo por interesse
político" - conforme alegou o ex-prefeito em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (26), repercutida através de release de assessoria divulgado em todos os blogs alinhados ao peemedebista - e que todas as suas ações são
"pautadas nos ditames constitucionais pertinentes a suas respectivas
atribuições".
Por meio de Nota de Esclarecimento, o MP rechaçou as acusações defensivas de Luís Fernando
Segundo Luís Fernando, a ação do MP se
baseia numa representação do seu tradicional adversário político, o ex-prefeito
Júlio Matos. “Desde 2004, Julinho, inconformado com suas derrotas e com a
péssima avaliação da sua desastrosa administração na prefeitura de Ribamar, já
ingressou com mais de seis ações judiciais contra mim, mas em todas elas foi
derrotado”, disse na coletiva de imprensa.
Para Fernando, Júlio se valeu de um
relatório técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE), emitido em 2011 no
qual, como de praxe, o TCE concede prazo para apresentação de justificativas
dos gestores auditados.
“Ocorre que ele (Júlio Matos) esqueceu, ou
propositalmente, deixou de levar em conta as respostas e justificativas já
apresentadas por mim e pelo meu ex-secretário de obras ao Tribunal, que ainda
nem concluiu o julgamento. Ora, se ele teve acesso ao relatório, não sei em
quais circunstâncias, deve ter tido também acesso às justificativas
apresentadas, mas não as incluiu na Representação justamente para criar o fato
político. A preocupação do adversário já deve ser por conta do anúncio da minha
pré-candidatura à prefeitura de São José de Ribamar em 2016”, asseverou Fernando.
O "ataque" que despertou a
"ira" do MP contra Fernando, motivando a divulgação de uma rara "Nota de Esclarecimento" do órgão sobre suas ações, foi o fato do peemedebista ter alegado em sua defesa à
imprensa que "o processo não servirá de instrumento político-eleitoreiro
para o seu adversário".
No afã de defender-se a qualquer custo
da ação que pede o bloqueio de seus bens, Fernando não conseguiu conter-se e
partiu para o "ataque" contra o Ministério Público estadual, algo preocupante
em se tratando de um ex-prefeito que pretende disputar novamente, nas eleições
do ano que vem, a cadeira-mor do Executivo municipal ribamarense e que pode
contar com o apoio do governador do Maranhão (ENTENDA AQUI).
Afinal, um político que demonstra pouco apreço às
instituições e órgãos de controle e fiscalização quando o que está sendo investigado é a sua própria gestão, utilizando-se do velho e carcomido expediente tático de
afirmar que tudo contra si é "intriga da oposição", inclusive uma ação fartamente documentada do Ministério Público, além de pôr por
terra toda a áurea construída sobre sua cabeça de "político
preparado", abre um grave precedente de colocar em xeque a estrutura de credibilidade
de uma das raras entidades que ainda desfrutam de tal privilégio junto à
população, especialmente em tempos de escândalos de corrupção pipocando em todos os cantos do
país.
Nesse sentido, a imprensa se torna mero instrumento de luta política, utilizada ao bel-prazer dos lados beligerantes da contenda, com o objetivo explícito de garantir para si o pendor da balança da dita "opinião pública".
Em tempo: Confira o pedido do Ministério Público do Maranhão de bloqueio dos bens de Luís Fernando, CLICANDO AQUI, e a Nota de Esclarecimento do órgão rechaçando as declarações do ex-prefeito, CLICANDO AQUI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato pela participação.