terça-feira, 30 de junho de 2015

Entidade de Direitos Humanos condena "insultos" do governador Flávio Dino ao dirigente da Pastoral Carcerária


A crise instalada entre o Governo do Maranhão e a Igreja Católica por conta do desentendimento entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o padre Roberto Perez Cordova, dirigente da Pastoral Carcerária no Estado, não dá mostras de que irá findar tão cedo.

A quantidade de "Notas" e declarações ácidas que se seguem após a deflagração das tensões geradas no Palácio dos Leões, no último sábado (27), em reunião que discutia a proposta de um projeto de lei para a criação de um Comitê Estadual de Combate à Tortura, sinaliza a gravidade das feridas abertas por conta dessa inesperada contenda entre o padre e o governador.

Colocando mais álcool no fogaréu entre católicos e comunistas, a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), ligada à Igreja Católica, divulgou, na noite desta segunda-feira (29), uma "Nota de Solidariedade" ao padre Perez, onde condena as declarações de Flávio Dino sobre o episódio, classificando-as de "prática recentemente inaugurada de achincalhe e desmoralização daqueles que divergem da opinião oficial".

Declarações de Flávio Dino no Twitter, tachando o padre Perez de "mensaleiro", alimentaram a cizânia com os dirigentes da Igreja Católica no Maranhão

O governador do Maranhão despertou a "ira" dos líderes católicos após informar, em uma rede social, que o padre Perez era um "mensaleiro" do governo Roseana Sarney. Para Dino, as críticas do dirigente da Pastoral Carcerária sobre o sistema prisional do estado não possuíam legitimidade por conta do recebimento de "mensalinhos".

A Nota da SMDH se soma à da Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz - que teve o aval do arcebispo metropolitano de São Luís, dom Belisário, autoridade máxima da Igreja Católica no Maranhão (confira) -, à "Carta Aberta da Pastoral Carcerária" e às inúmeras manifestações de militantes e figuras expoentes do cenário religioso estadual, como o padre Cláudio Bombieri, que, após ter participado da reunião nos Leões, questionou em texto divulgado em seu blog: "Deu a louca no governador do Maranhão?"

Leia a íntegra da Nota da SMDH:

Nota de Solidariedade

A SMDH

A propósito do episódio envolvendo o Governador do Estado e o Padre Roberto Perez Cordova, representante da Pastoral Carcerária, no último dia 26 de junho, ocasião em que se celebrava o dia internacional de combate à tortura, a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) se sente no dever de se posicionar na forma abaixo:

a. Repudia qualquer tentativa de desqualificação de militantes de direitos humanos e de entidades da sociedade civil, no exercício da nobre missão de fazer o controle social das políticas públicas;

b. Repudia a prática recentemente inaugurada de achincalhe e desmoralização daqueles que divergem da opinião oficial, por intermédio do cerco de mídia, alinhada ao governo;

c. Conclama o Governador de Estado e seus subordinados, como dignos mandatários de cargos públicos a manterem postura e garantirem nos debates o direito à divergência de opinião nos temas caros ao exercício de direitos, sobretudo em notas oficiais e argumentos publicizados em redes sociais, de modo a preservar os caminhos institucionais do diálogo com a sociedade civil;

d. Solidariza-se com o Padre Roberto Perez Cordova, militante da renomada entidade Pastoral Carcerária, injustamente atacado em sua honra e dignidade.

São Luís/MA, 29 de junho de 2015
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH)

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